Na segunda metade dos anos sessenta um movimento nascido nos Estados Unidos ganhava o mundo: a contracultura. A juventude daquela época res...

A contracultura e os hippies

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Na segunda metade dos anos sessenta um movimento nascido nos Estados Unidos ganhava o mundo: a contracultura. A juventude daquela época resolveu dar um grito de liberdade e se posicionar contra os valores impostos pela sociedade. Predominava um espírito de transformação dos costumes e padrões conservadores, um desejo de quebrar os tabus morais e culturais até então estabelecidos. Ousava transgredir regras, subverter convenções, promover uma revolução comportamental.

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Nessa onda de questionamentos surgiram os hippies. Eles fugiam totalmente ao estilo de vida dos jovens enquadrados no perfil social burguês, preocupados com a estética, consumistas, descomprometidos com as questões políticas, conformados com o tratamento desigual oferecido às minorias, alienados. Os hippies deflagraram bandeiras de luta, pregando a não violência, combatendo as segregações sociais e as discriminações sob qualquer pretexto, exaltando o amor livre e o desapego a bens materiais.

Seus ideais eram um tanto anarquistas. Começava pela apresentação pessoal e a forma de se vestirem. Cabelos compridos, despenteados, barbas longas. Calçando sandálias e usando roupas coloridas, psicodélicas. Adotaram o nomadismo, viviam em grupos, as “tribos”. Andarilhos, era comum vê-los circulando por cidades portando mochilas que continham todos os seus pertences. Vegetarianos, curtiam a natureza. Dedicavam-se ao trabalho artesanal para garantir a sobrevivência. Amantes do rock e de outras "viagens". O propósito de se portarem de forma diversa do mundo ocidental fez com que admitissem muitos dos princípios de doutrinas religiosas orientais, como o budismo e o hinduísmo.

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Os hippies, em que pesem todos os pecados que lhes eram apontados, deixaram um legado para as novas gerações. Despertaram a motivação e a coragem para as lutas contra os preconceitos, em favor da liberdade sexual, em defesa do meio ambiente. Manifestavam-se contra as guerras, porque seu principal lema era “paz e amor”.

Havia uma figura na Paraíba que assumia bem esse perfil hippie de viver. Ivo Bichara era um “bon vivant”. Costumava vê-lo na Churrascaria Bambu, seu “point” preferido. Destoava por completo da imagem formal do seu irmão governador Ivan Bichara. Se tivermos que eleger o mais perfeito representante do movimento hippie na Paraíba, não há como se ter dúvida, Ivo Bichara faz por merecer esse destaque.

Raul Seixas com a proclamação da “sociedade alternativa” e Os Mutantes, foram os principais incentivadores da contracultura no Brasil. Anos mais tarde, o “tropicalismo” se integrava também a esse movimento de vanguarda, com um manifesto artístico contido no disco “Panis et Circensis, de Gilberto Gil e Caetano Veloso.

A partir de 1970 os hippies perderam força. Hoje vemos seus praticantes em número bem menor, vagando pelas praias do Nordeste, mas sem perderem o perfil de origem.


Rui Leitão é jornalista e escritor

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