Na segunda metade dos anos sessenta um movimento nascido nos Estados Unidos ganhava o mundo: a contracultura. A juventude daquela época resolveu dar um grito de liberdade e se posicionar contra os valores impostos pela sociedade. Predominava um espírito de transformação dos costumes e padrões conservadores, um desejo de quebrar os tabus morais e culturais até então estabelecidos. Ousava transgredir regras, subverter convenções, promover uma revolução comportamental.

Seus ideais eram um tanto anarquistas. Começava pela apresentação pessoal e a forma de se vestirem. Cabelos compridos, despenteados, barbas longas. Calçando sandálias e usando roupas coloridas, psicodélicas. Adotaram o nomadismo, viviam em grupos, as “tribos”. Andarilhos, era comum vê-los circulando por cidades portando mochilas que continham todos os seus pertences. Vegetarianos, curtiam a natureza. Dedicavam-se ao trabalho artesanal para garantir a sobrevivência. Amantes do rock e de outras "viagens". O propósito de se portarem de forma diversa do mundo ocidental fez com que admitissem muitos dos princípios de doutrinas religiosas orientais, como o budismo e o hinduísmo.

Havia uma figura na Paraíba que assumia bem esse perfil hippie de viver. Ivo Bichara era um “bon vivant”. Costumava vê-lo na Churrascaria Bambu, seu “point” preferido. Destoava por completo da imagem formal do seu irmão governador Ivan Bichara. Se tivermos que eleger o mais perfeito representante do movimento hippie na Paraíba, não há como se ter dúvida, Ivo Bichara faz por merecer esse destaque.
A partir de 1970 os hippies perderam força. Hoje vemos seus praticantes em número bem menor, vagando pelas praias do Nordeste, mas sem perderem o perfil de origem.
Rui Leitão é jornalista e escritor