O que faz de um homem um homem?
Um homem nunca deveria deixar outro homem dormindo, embaixo das marquises, no frio.
Tampouco passar fome deveria um homem deixar outro homem.
Nunca deveria um homem perder a confiança de uma criança ou de um cachorro. Nunca.
Um homem nunca poderia sujar as águas de um rio.
Derrubar uma árvore.
Um homem deveria aprender com a árvore a lição da generosidade e da resiliência. A fruta no verão. A folha que retorna verde depois do inverno.
Nunca um homem deveria chorar sozinho. Para isso existe o colo acolhedor de uma mulher ou o braço forte de um amigo.
Um homem nunca poderia ter poder sobre o corpo de outro homem. Seja qual for o preço.
Nem deveria ter poder sobre o corpo de uma mulher. Tampouco chamar isso de amor.
Nem sobre o corpo de um cavalo. Ou de um elefante. Muito menos de um passarinho.
Zombar de outro homem. Nunca um homem deveria. E deveria ensinar isso aos seus filhos.
Nunca poderia um homem ferir outro homem, ou mulher, ou criança. Nunca.
Nem matar outro homem. Seja com faca, revólver ou negligência.
Poderia um homem envenenar a comida de outro homem? Não, não poderia.
Nunca um homem poderia deixar outro homem agonizando no corredor de um hospital. Ou na solidão de uma unidade intensiva de qualquer terapia.
Nunca um homem poderia deixar outro homem morrer sozinho. Nunca.
Nunca um homem deveria ter medo de outro homem. Ou causar medo a outro homem.
Não é isso que faz de um homem, um homem.
Serei eu, um dia, um homem?
Será você?
O que, para você, faz de um homem, UM HOMEM?
Nelson Barros é psicólogo e cronista