Há sempre uma multidão em fila para conhecer os interiores do Palácio de Buckingham, que é – ele próprio – um reduzido mas seleto museu. Ne...

História e Arte por toda parte

Waldemar Jose solha ambiente de leitura Carlos romero

Há sempre uma multidão em fila para conhecer os interiores do Palácio de Buckingham, que é – ele próprio – um reduzido mas seleto museu. Nele vimos uma coleção de mármores do frio, porém perfeito, Canova, e uma bela pinacoteca em que se destacava o notável retrato de Agatha Bas, de Rembrandt.

Mapas, livros, documentos e manuscritos preciosos, expostos em vitrines e consultáveis por completo em computadores
Anexo ao edifício, a Queen’s Gallery reforça o prestígio que a coroa empresta à grande arte. Mas é caminhando um pouco mais para lá do Parlamento, na margem do Tâmisa, que se vê o reduto principal da arte inglesa, antiga e contemporânea, na chamada Tate Britain, com sua grande coleção de obras de Turner em todas as suas fases, com o famoso “Carnation”, “Lily”, “Lily Rose” – de Sargent -, e muita coisa de Dante Gabriel Rossetti, de Whistler, de Burne-Jones, maravilhosas paisagens de Constable, e – o supra-sumo da coleção – uma impactante obra-prima de Lucian Freud (neto de Sigmund), “The Painter’s Mother” – A Mãe do Pintor.

Ambiente de leitura Carlos romero
A dez minutos a pé do Royal National Hotel, em que ficamos, a Biblioteca Britânica se impõe com seus 16 milhões de livros, sim, mas toca-nos profundamente pela exposição de uma série de mapas, livros, documentos e manuscritos preciosos, expostos em vitrines e consultáveis por completo em computadores disponíveis ao lado delas.

Livros chineses em rolo; a primeira edição das obras de Shakespeare; as iluminuras de vários volumes medievais; a primeira partitura impressa na Inglaterra – o XX Songes, de 1530; a partitura original - cheia de arrependimentos e anotações - da Sonata para Violino op. 30, número 3 de Beethoven; vários desenhos de Leonardo; a Bíblia de Gutemberg, de 1454; a certidão de casamento de Mozart e Constanza; a carta de Thomas Morus a Henrique VIII antes de ser executado; o manuscrito do “Mrs Dalloway”, de Virginia Woolf e o de “Jane Eyre”, de Charlotte Brontë; a partitura manuscrita do Bolero de Ravel e da Marcha Nupcial de Mendelssohn e... last but not least, os versos, no exato momento de sua criação – com várias correções – de algumas das mais célebres canções de Paul McCartney e John Lennon, como Yesterday, Help, Strawberry Fields, I Wanna Hold Your Hand e Michelle.

Senti, ali, que já poderia morrer sossegado.


W. J. Solha é dramaturgo, artista plástico e poeta

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  1. Que maravilha de texto, Solha. Um verdadeiro passeio cultural. Bateu uma saudade de Londres... Por favor, não morra agora. E não sossegue. A beleza do artista está nessa busca constante do Belo. Você tem muita coisa pra a contar. Bravíssimo!

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