Sou daqueles que acordam cedo.
Logo eu, que já fui notívago de carteirinha e que varava a noite nas areias do Cabo Branco, entre violões e poesias. Tanto que ganhei o apelido de zumbi, que acabou gerando meu primeiro livro e depois o nome de um blogue muito acessado que tive nos idos de 2000.
Hoje, durmo cedo e madrugo quase sempre. Daí, no silêncio da madrugada, tateio livros e miro nos voos da arribaçã.
Quando as cidades acordam, geralmente já tenho feito vários desses voos. Costumo chamar esse meu hábito de madrugar de “diálogo com o silêncio”.
Porque é isso, de fato. Sem a azáfama e o turbilhão de respirar a sobrevivência que temos que conviver todos os dias, volto para meus interiores em diálogos silenciosos com meus achares.
Sou daqueles que dá a bênção a padrinhos, madrinhas, tios, tias e mãe até hoje.
Gostava de pedir a benção de mãe cedo, quando acordava com o cheiro de seu cuscuz e do café no antigo Solar dos Guedes, já que meu eterno quarto de solteiro (sim, casei várias vezes, mas aquele quarto nunca era desativado) ficava parede e meia com a cozinha.
Hoje, as coisas mudaram. O Solar dos Guedes foi vendido e mamãe, por conta de suas limitações físicas, não faz mais o café e geralmente ainda está no quarto quando saio pra rua.
Mas quando chego em casa no final da manhã, ela senta na cama para me abençoar, e sinto que tudo continua leve como antes.
Seu sorriso me abençoando me transmite uma paz que só as mães conseguem transmitir.
Reclamar de fantasia dos outros no carnaval é a mesma coisa que reclamar de Jesus na igreja.
Carnaval sempre foi transgressão, ousadia...
Ser politicamente correto no carnaval é um saco!