Pela voz do Monsenhor Myriel Bienvenu, Bispo de Digne e personagem de Os Miseráveis, o escritor Victor Hugo mostra um pouco da sua faceta ...

Victor Hugo Espírita


Pela voz do Monsenhor Myriel Bienvenu, Bispo de Digne e personagem de Os Miseráveis, o escritor Victor Hugo mostra um pouco da sua faceta espiritualista e, diria eu, espírita, pois muitas são as passagens dentro desse monumental romance que apontam para esta convicção. Eis um dos exemplos do pensamento inquestionável desse caráter do romancista e poeta, em tradução nossa:

“Ne craignons jamais les voleurs ni les meurtriers. Ce sont là les dangers du dehors, les petits dangers. Craignons-nous nous-mêmes. Les préjugés, voilà des voleurs; les vices, voilà les meurtriers. Les grands dangers sont au dedans de nous. Qu’importe ce qui menace notre tête ou notre bourse! Ne songeons qu’à ce qui menace notre âme” (Les Misérables, Parte I, Livro I, Capítulo VII). “Não temamos nunca os ladrões nem os assassinos. Estes são os perigos externos, os pequenos perigos. Temamo-nos a nós mesmos. Os preconceitos, eis os ladrões; os vícios, eis os assassinos. Os grandes perigos estão dentro de nós. Que importa o que ameaça nossa cabeça ou nossa bolsa! Não pensemos senão no que ameaça nossa alma.”

Em suma, nós somos o nosso maior inimigo. Talvez o nosso único inimigo.



A seguir, texto postado pela União Espírita Mineira

Além de grande romancista, poeta e dramaturgo, Victor Hugo ficou conhecido pelas suas inclinações às causas sociais. Defendia a paz universal, os direitos das crianças e dos homens, a abolição da pena de morte e o progresso social. Aproximou-se da política ingressando no Parlamento Francês, defendendo a democracia como um sistema válido de governo.

Seu legado é imenso no âmbito da literatura, e seus pensamentos igualmente influenciaram filósofos e escritores modernos.

Victor Hugo aproximou-se dos estudos ocultistas e também do Espiritismo, especialmente após ter contato com as mesas girantes, no período em que ficou no exílio em Jersey, através da mediunidade da poetisa e romancista Madame Delphine Girardin, que também passava por exílio na Ilha de Jersey. Em uma das sessões com Madame Delphine, a mesa, através das pancadas, trouxe informações sobre a filha de Victor Hugo, Lèolpoldine, desencarnada em um naufrágio no rio Sena, em 1843. Após esta experiência, Victor Hugo continuou recebendo recados de sua filha, usando esta experiência concreta para desenvolver suas ideias sobre a imortalidade, sobrevivência e reencarnação.

Em 1863, Allan Kardec já reconhecia Victor Hugo como um expoente no Movimento Espírita, incluindo na Revista Espírita do mesmo ano uma carta de Hugo para o escritor, político e poeta francês Alphonse de Lamartine (1790-1869), em face da desencarnação da esposa deste.

A busca espiritual de Victor Hugo foi evidenciada por Emmanuel Godo, escritor e ensaísta atual no livro “Victor Hugo et Dieu”. No entendimento de Humberto Mariotti, em seu livro “Victor Hugo Espírita”, menciona que a qualidade espírita do escritor se depreendia da forma do seu estilo romântico que transcendeu as formas clássicas, pois a sua maneira de ver o mundo passava pelo invisível, ou seja, o fundamento imaterial do mundo físico.

Hoje, o Espírito Victor Hugo, lúcido e imortal, continua nos oferecendo a sua palavra espiritualizada, através da psicografia de vários médiuns brasileiros. Em 1923, 38 anos depois da morte do poeta francês, a médium mineira Zilda Gama psicografou, do genial escritor, as seguintes obras: “Na Sombra e na Luz” (1923); “Redenção” (1931); “Do Calvário ao Infinito” (1944); “Dor Suprema” (1945); “Almas Crucificadas”, e “O Solar de Apolo (1946)”.

Victor Hugo também manifestou-se através da mediunidade de Divaldo P. Franco, que declarou ser Zilda Gama o mesmo Espírito Lèopoldine, filha de Victor Hugo. Pela sua psicografia, o francês escreveu: “Párias em Redenção”; “Sublime Expiação”; “Do Abismo às Estrelas”; “Calvário de Libertação", e “Árdua Ascensão”.


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