Bússola meus instrumentos de navegação estão em meus próprios pés e ele navega como um pequeno barco indo de um lado a outro de ocea...

O repouso do destino



Bússola

meus instrumentos de navegação
estão em meus próprios pés

e ele navega como um pequeno barco
indo de um lado a outro de oceanos

sem enjoos, negando os eu te amos
indo para lá, indo para cá

ao sabor dos ventos, tempestades
ancoradas no fundo do lar

titanics que nunca, nunca afundam
mas ficam boiando no mar

meridiano magnético de corações
e dentes que só mastigam espinhas

imã de sensações que já já acontecerão
não se sabe em que porto

não se sabe em que seios, eu sei,
acontecerá o repouso do destino

terra à vista, dirão os piratas das cidades
mas onde (?), - logo ela fica invisível

logo a terra marulha também
vira uma espécie de tsnunami no olhar

mas como na parábola do elefante
não consigo ver além da minha tromba

viro torrão de sal no mar, não na xícara
e nem os mapas me localizam

“para onde vou (?)”
- “responde, poesia, musa que não sabe das flores!”.



Afluente

agora sou teu afluente
e tu mergulhas até o fundo em meus rasos

acaso não sabes daquelas cheias nos rios
que navegam minhas dores e arroubos?

e daquela noite, que peguei o barco
e cai no breu sem o bote salva-vida
sem o timão para me guiar para a claridade?

sou teu afluente, mas tu és meu escrínio profano
mesmo sem ter chorado a virgindade
que não perdeu comigo

tuas águas me tiram do Vale do Acor
porque é para teus líquidos que nado.



Uai!

ah, belo horizonte

de cheiros
no sotaque de seu mercado

nos reclames do vendedor de uais
dos torresmos
nos botecos, que nunca são iguais

bh
é terra de prosa
mas a poesia teima o ar.

(Do livro, ainda inédito, "Cabo Branco e outros lugares que não estão no mapa")


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