Sigo... a água... que a sede pede
e que me desce pela garganta...
até que a sede
cede.
Sei que não há,
por exemplo,
na Natureza,
Justiça como a entendemos
e
( se previna ),
nem - como você aprendeu num templo - a... Divina.
A mim me fascina... não ser de Tupã o trovão,
e que a ira tenha outro nome:
fome, na onça, lobo
e leão.
Mas o mundo... é curioso:
mesmo... misterioso,
nele existe o afeto... por coisas como um conto infantil
em que flor
é um heliporto de inseto.
Tire-se o joio do trigo,
de Troia,
dos Desastres de la Guerra de Goya,
e,
do trio teremos... a
joia.
E a Grécia — clássica,
fantástica,
do Partenão,
ainda deu...
Sófocles e Platão,
Aristóteles... com Zenão!
Deu,
ainda,
o Demócrito,
fera que viu o átomo
em Abdera,
enquanto — com brilhantismo — o heliocentrismo foi detectado por
Aristarco,
em Samos!
Além do que — convenhamos:
Arte por toda parte!
... e a conclusão
triste,
mas linda,
de que o ontem... já não existe...
o amanhã... inexiste ainda,
... o que torna o relógio - bússola do Tempo - o absurdo com
que mais me aturdo,
pois quem,
salvo engano,
navega sem oceano?
Pergunto,
mergulhando no assunto:
Como
se espera - nesse inexistente futuro - um dia comum,
de dois mil... e sessenta e um,
( sem ficção de apocalipse em cósmica revolta )
em que o que se destaca é o cometa Halley
de volta?
Será isso um sinal... do juízo,
afinal?
(excertos de "Vida Aberta - Tratado Poético-Fiosófico")