(Eduardo Varandas Araruna)
A maior parcela da minha vida foi dedicada à defesa dos hipossuficientes. Lutei contra a exploração do trabalho infantil promovendo a primeira ação coletiva contra a exploração sexual no Brasil e uma das poucas do mundo. Integrei a comissão que fundou, junto com colegas, a coordenadoria nacional de combate ao trabalho escravo. Temas áridos perpassaram pela minha mesa e todas as lesões, sem exceção, foram denunciadas à Justiça com lisura e bravura. Anos se sucederam na defesa inquebrantável dos direitos sociais com embates, sofrimentos e algumas vitórias.
A gente não pode esconder quem a gente é. É calvário, é cativeiro. Eu creio nos direitos humanos e na sua essencialidade para o Estado de Direito. Creio na misericórdia, compaixão, empatia e principalmente no amor.
O beijo não é um ato sexual e tampouco lascivo. É afeto, é amor, é uma lindeza e, na Ciência Jurídica, qualifico-o como um direito potestativo, subjetivo e inalienável daqueles que amam.
Quando o prefeito do Rio de Janeiro procurou censurar uma revista em quadrinhos (HQ) por um simples beijo entre dois personagens masculinos, vi o quanto estamos diante de seres retrógrados que almejam impor sua moral pessoal acima da dignidade do ser humano (primado da República).
Eu defendo crianças e adolescentes sexualmente explorados. Conheço a sua dor e vi os efeitos da monstruosidade da violência sexual que é praticada no Brasil em todos os ambientes, inclusive em igrejas. Um mero beijo não agride crianças. O amor alheio não há de corrompê-las se a educação for adequada.
Assistir a um beijo não torna crianças gays ou heterossexuais, até porque sempre crescemos com estórias de príncipes valentes que beijam princesas recatadas ao final e, nem por isso, todos nós somos heterossexuais.
Com meu inarredável compromisso aos direitos humanos, colocando minha face às pedradas, publico meu beijo, oriundo de um relacionamento (JÁ FINDO) que tive por 6 anos, onde pairou o respeito, o amor, a bênção familiar e a paz.
Repensem seus conceitos, renovem seus sentimentos. Temos um país tão cheio de problemas para a preocupação com afetos alheios.
Um beijo a tod@s...
Com carinho
Eduardo Varandas Araruna
(Ps. Aquele que está de costas sou eu. Comentários depreciativos serão encaminhados ao poder policial para abertura de inquérito)