Foi não foi, estou indo com a cara na cara do Juca que eu conheci menino, morando na mesma rua onde eu morava. Um dia, contando com o concu...

Jornalismo


Foi não foi, estou indo com a cara na cara do Juca que eu conheci menino, morando na mesma rua onde eu morava. Um dia, contando com o concurso do Cabeção acertamos de fundar um jornal, isto no ano remoto de 1907. E o órgão veio à circulação com o seu titulo apavorante: "O Mofo".

O José Rodrigues, que hoje é coronel engenheiro do Exército, com o pé no generalato, era naquele tempo apenas moleque branco de rua. Os três mereciam a mesma classificação. O jornal era manuscrito e caía furioso contra o prefeito Osvaldo Pessoa. Mas, há de ser bom dizer que o prefeito, naquele tempo, exercia todo o seu tino administrativo por sobre um carneiro de sua propriedade. Logo, não era prefeito, era um vagabundo, da mesma marca dos redatores d’"O Mofo".

Um dia, porém, a redação deu para o mundo. Brigamos. Deixei a Paraíba, como já deixara a Bahia de Todos os Santos e o Piauí de todos os diabos. Nunca mais vi o Juca, porém esquecer nunca pude a quadrinha que ele escreveu dedicada ao carneiro de Osvaldo Pessoa.

Recordo-me também que, por causa d’"O Mofo", o Cândido Pessoa quase partiu a cara de um português que tinha um bilhar.

Pergunto: quantos anos tenho de jornalismo?

Em 1910, eu, Esdras Farias e Antônio Gitirana, em Beberibe, lançamos "O Símbolo", órgão do Grêmio Hermes Fontes. Até mestre Laurindo Leão era leitor do nosso órgão. Mas, lá saiu um soneto maldito e frei Afonso excomungou o jornal.

Faz muito tempo que pratico o jornalismo! Mais antigo do que eu, somente o Ildefonso Lopes que editava "O Mês", periódico que aparecia de dois em dois anos. Depois disso, veio "A Coluna", com Célio Meira e Samuel Campeio, o bissemanário de Vitória de Santo Antão, jornal que manteve forte polêmica com o vigário Américo Vasco.

Faz muito tempo que pratico o jornalismo!

E só isto, nada mais. É bonito praticar o jornalismo. Dornício Rangel morreu arrastando os pés, surdo, e de vista curta. É bonito.

Nada como ter muitos anos de jornalismo!
— Que é que aquele homem tem na vida?
— Aquele é um jornalista!
— Que é que ele tem?
— Muitos anos de jornalismo.
— Então, está bem. Está com tudo.


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