(Ângela Bezerra de Castro)
“Estética e Trabalho. Respondo ao chamamento dessa divisa que vem a ser o mesmo da primeira descoberta em relação à palavra. Do primeiro arrebatamento diante de uma forma imprevisível de dizer ou de um ritmo inesperado, descortinando o reino onde “estão os poemas que esperam ase escritos”. O reino das palavras. Cedo me encantou o poder libertário de seus estatutos. Concretizado, na memória mais antiga, por aquele Pássaro Cativo de fala doutoral, mas que me fez enxergar a escravidão e a dor, onde antes eu pudera alcançar somente a beleza e o canto. A eloquência pedagógica de Bilac estabelecendo para os meus oito anos o impacto de uma nova ordem de sentimentos e valores.”
“A vida reinventada através da palavra arrebatou-me sempre mais que qualquer outro entusiasmo. Decidiu minha escolha profissional. Destinou-me amizades verdadeiramente inestimáveis. Assegurou-me as mais compensadoras alegrias. Fez-se parâmetro de minhas grandes admirações. Conduziu-me até aqui, reservando-me a eternidade deste instante. Instante-síntese, que parece acumular todos os tempos e todas as emoções.”
“Na leitura de um texto, não existe verdade sustentável, alheia às estruturas de linguagem que lhe emprestam forma e substância. Minhas convicções hermenêuticas se apoiam neste princípio, que se articula à distinção essencial entre a atividade crítica e a opinião descomprometida com a informação teórica e com a realidade histórica."
(excertos de discurso)