(Milton Marques Júnior)
Como é próprio à juventude ser soberbo, saber tudo!
Eu também já fui assim; hoje, velho, não me iludo.
Não te obrigues a certeza, nem ser dono da verdade,
nem imponhas tuas crenças, tudo isso é vaidade.
Busca a paz no equilíbrio, não te nutras de ilusão;
pra quem quer sempre estar certo, que terrível solidão!
Ó efebo, desde já, vai tecendo esta verdade:
Não progride o Saber que desdenha a Humildade!
Quem não tem algum distúrbio, quem não tem algum conflito?
Só o feicibuquiano é histérico irrestrito.
A manchete já lhe basta, pra ativar a sua sanha
e repete, sem critério, toda e qualquer patranha.
Sem critério, não, Senhor! ele sabe como agir:
o critério que utiliza busca sempre confundir.
Distorcendo sempre os fatos, exacerba sem razão,
de um anão faz um gigante; de um gigante, um anão.
A caterva que o acompanha profetiza apocalipses,
num discurso verborrágico, todo cheio de elipses,
pois propaga o que não leu e se ler inda dirá:
De mentira em mentira a verdade morrerá.
O Pudor e a Justiça nos deixaram, foram embora...
É o que diz o grande Hesíodo em poema de outrora.
Sós, ficamos à mercê dos bandidos, dos ladrões,
do seu séquito de fâmulos, que ignora os padrões.
E tais fâmulos são piores que os bandidos que defendem,
ordenando que outros leiam, mas se leem nada entendem.
Meus queridos xerimbabos, de si mesmos tenham dó,
pois se alguém muito se abaixa, vai mostrar o fiofó.
A justiça no Brasil é injusta e morosa.
Para os ricos, vista grossa; para os pobres, poderosa;
pro delito irrisório, dura lex, sed lex;
para a grande corrupção, sobram malas e triplex;
para o roubo de um shampoo, o coitado amarga pena;
para malas de reais, liberdade sempre plena.
Pra justiça ser assim, colabora o imbecil,
defendendo os seus ídolos, sem defesa do Brasil.
Não te esqueças, grande parvo, que reclamas retrocesso:
Corrupção e violência são sistêmicas, são processo
e se algo deu pra trás, é porque algo avançou,
algo infame, vergonhoso, que a cegueira edificou.
(garimpados do facebook do autor)