(Ângela Bezerra de Castro)
Narrativa
Narrar é sobreviver. É vencer o tempo e as armadilhas da vida. É enganar a morte.
Foi assim com Sherazade e continua a ser com todos aqueles que dão sequência ao texto ou ao “risco do bordado” que a humanidade vai desenhando e tecendo ao longo de sua história.
Na força da narrativa o real se transfigura, permanece e se eterniza, mesmo quando a referência temporal que lhe deu origem já se apagou na paisagem do mundo ou na memória dos homens.
É esse poder de recriar o mundo, de restaurar o tempo, de reinventar a vida que atrai e consagra o narrador, e tem contrariado até hoje as vozes que se arriscaram a profetizar o fim do romance e da literatura.
Crítica literária
A Crítica Literária não se pode restringir a uma atitude individual e muito menos reduzir-se ao elogio vazio ou de conveniência.
A crítica é um saber exercitado através de século que, na segunda metade do século XX, atingiu um nível de competência e objetividade impossível de ser confundido com o discurso da banalidade.
Crítica é Leitura especializada, instrumentada pela Teoria Literária, pela História da Literatura e por outros conhecimentos que o texto-objeto exija, na decifração dos seus códigos. É análise rigorosa e conclusão fundamentada. Criação e descoberta. Luz que ilumina o texto para revelar as armadilhas da construção e suas estruturas de sentido. Ponte que faz mais segura a travessia dos leitores que empreenderão depois a mesma viagem.
É isto a Crítica. A verdadeira Crítica que se incorpora definitivamente à historia do texto literário estudado e não pode ser ignorado pelos novos leitores, tal a procedência de suas descobertas e a exatidão de suas lições.
(excertos do livro “Um certo modo de ler”)