Música cheia de vida, planta cheia de vida, cidade cheia de vida. Cheia de vida, expressão cheia de tudo. De brilho, de viço, de ânimo, de cor, e humor. De boa conversa, contagiante, enérgica, vibrante. Márcia Kaplan era assim. Cheia de vida. De muita vida.
Receptiva, comunicativa, dinâmica, inteligente. E linda. Quando Kaplan chegou aqui, da Argentina, viu Márcia e pronto. Estava traçado o romance em saga. Juntos ousaram, produziram, criaram e recriaram.
Inspiração dava no teto. Na casa com jeito de campo, alpendres, plantas, grandes janelas e muito amor. Para quem chegasse. Amigos não faltavam. A sintonia com a música, a cultura, educação, era um elo perfeito para as boas amizades, desfrutadas ao som de Bach, Chopin, Mozart...
Com a família, a harmonia era a mesma do jardim, sempre verde. Bem-vindos de todos os lados. Os funcionários da casa faziam parte da família. Todos. Dava gosto a afetividade que logo se introduzia entre os personagens daquele romance. Romance com palavras, com letras, com música. Sonatas, prelúdios, gavotas, sarabandas tudo ornava a casa dos Kaplan com fino gosto. Pura cultura.
Nesse ambiente Márcia floresceu e se encheu da vida. Uma vida de arte, de música, de poesia. Grandes experiências, e, claro, por ser vida, provações, desafios. Kaplan, ao final, foi um desafio. Desafio vitorioso. Em todas as fases. Carinho não faltava, cuidado sobrava. Cuidado com a coluna, com a postura. A almofada nas costas, nas salas de concerto, na sala do sofá, na sala com amigos. Márcia não esquecia. Era cheia de vida.
Convivi de perto. Convivi um bocado. Na casa com gosto de campo, de café fresco, de mesa posta, de vinho bom, de boa música, de gente boa.
Kaplan se foi. Márcia se aproxima do Espiritismo. Carlos Romero lhe mostrou os caminhos. Gratidão. E a certeza do reencontro, que agora se deu, cheio de música. Cheio de amor, com Márcia chegando. Cheia de vida.