A música a que me refiro é a chamada Divina Arte, ou música erudita, que nos faz transcender, mas que, infelizmente, aqui não tem...

A Divina Arte

A música a que me refiro é a chamada Divina Arte, ou música erudita, que nos faz transcender, mas que, infelizmente, aqui não tem a divulgação que devia ter. E me vem a indagação: será que nos nossos colégios estão incentivando os alunos para o conhecimento da música erudita?

Mas, afinal, quem despertou meu gosto pela música clássica? Foi uma senhora chamada Santinha de Sá, esposa do maestro Gazzi de Sá, presidente da então Escola de Música “Anthenor Navarro”, que, já tem quase 90 anos. E como iniciou ela a primeira aula?: colocou na radiola uma fuga de Bach.

Explicou o que era fuga e fez interessantes considerações em torno da vida do compositor. Santinha começou o nosso curso com o maior compositor de todos os tempos. O filósofo Amiel, no seu “Diário Intimo”, dizia que “Bach é Deus, e Beethoven o homem”.

A verdade é que aprendi muito com dona Santinha. Depois desejei aprender piano, cuja professora foi minha irmã Ivone. Mas só fiquei no Schmoll.

O que eu gostava mesmo era de ouvir música clássica. Na antiga Rádio Tabajara cheguei a criar o programa “Paisagem Sonora”, quando divulguei grandes partituras. Os telefonemas choviam, as moças pediam Chopin e o desembargador Flósculo da Nóbrega, “Nabuco” de Verdi.

E via como o povo gosta de música clássica. O que falta é educação, uma maior intimidade. E uma orquestra sinfônica é excelente instrumento para tal objetivo. E sabe quem estimulou a fundação da nossa Orquestra Sinfônica? Foi um concerto da Sinfônica de Recife, sob a regência do maestro italiano Fitipaldi, no cinema Plaza. A assistência vibrou com a orquestra visitante.

E o governador, jurisconsulto e compositor Tarcisio Burity foi quem deu maior incentivo à Sinfônica, chegando a importar grandes músicos, inclusive o renomado maestro Eleazar de Carvalho.

A música erudita foi e é minha grande paixão, meu oxigênio. Ela é minha segunda religião. É difícil não transcender ouvindo a Nona de Beethoven ou continuar triste escutando a Alla Rústica de Vivaldi. Não sei tocar nenhum instrumento, nem ler partitura, mas não troco minha sensibilidade pela de muitos músicos que fazem da música apenas uma profissão. Eu e a música. Sem ela o mundo perderia todo encanto.

E por falar nisso, tenho notado pouca atividade de nossa Orquestra Sinfônica. Não se convidam mais solistas e maestros de fora, não há aquela divulgação da música erudita, como havia, antigamente. O que será que está acontecendo, hein, meu amigo Luiz Carlos Durier? Será a crise? Que falta faz o incentivo que foi dado, outrora, a nossa orquestra, que chegou a ser uma mas melhores do país...

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