Depois daquela festa de casamento, em que ele transformou a água em vinho – realizando, assim, o seu primeiro milagre para espanto dos presentes – Jesus proferiria o maravilhoso Sermão da Montanha.
Minha imaginação, portanto, leva-me àquele momento sublime, em que o Mestre sintetizou toda sua Doutrina. E eu tenho muita pena daquele que nunca leu essa peça oratória. Tão grande é o Sermão da Montanha que Gandhi, que não era cristão, disse: “se todos os livros religiosos fossem queimados, e apenas se salvasse o sermão inaugural da evangelização, nada teria sido perdido”. Veja a grandeza daquela mensagem proferida ao ar livre, no templo sem telhado da Natureza, sem ar condicionado, pois a brisa abrandava o calor, sem microfone, sem celulares tocando, sem cadeiras, sem nenhum conforto, porquanto o orador vivia em contato com o campo. O templo de pedra não atraía a sua atenção. Tanto é assim que nunca edificou uma igreja. Tão diferente das grandes catedrais que ergueram em seu nome...
Fico a imaginar Jesus, com a voz suave, o semblante sério e sereno, pregando a sua Doutrina Consoladora que teve como intróito as chamadas bem-aventuranças. E quem eram os bem-aventurados ou felizes, segundo o Mestre? Os ricos, os poderosos, os religiosos hipócritas, os orgulhosos e vaidosos? Não, ele se referia aos humildes, aos pacificadores, aos puros de coração, aos mansos. Jamais aos raivosos e pregadores do ódio, tão em moda, hoje em dia, na nossa política...