Os antigos exaltavam quatro coisas: terra, ar, fogo e água. Todos importantes e imprescindíveis em nossa vida. Mas, de logo, informo que, dos quatro, o que mais nos ensina é a água. E como eu gosto dela! Isto sem nenhum menosprezo aos outros.
A terra é o nosso grande manancial. Eu diria que a terra simboliza a mulher, que recebe a semente do homem e em troca dá a vida. A semente sem a terra é morta. Graças à terra é que chega à nossa boca o alimento nosso de cada dia.
E o ar, que, agitado, produz o vento? O vento que ajuda na germinação das plantas, que alegra a paisagem, que limpa e renova o ar, que faz as árvores dançarem, que semeia o pólen, e, quando revoltado, se transforma num furacão?
Chegou a vez de falar do fogo. Quanta violência! Pois, não fosse ele, que seriam das fogueiras armadas pela Inquisição, na Idade Média, quando muitos "hereges", inclusive a hoje santa Joana D'Arc, foram queimados em praça pública? O fogo também pode simbolizar paixão, assim como o ódio. Mas, na luta contra o fogo, a água sai ganhando, pois, entre o ódio e o amor, quem sempre termina vencendo é o amor.
Portanto, viva a água, que forma mares, chuva, rios e lagos, e, não demora muito, vira vapor. Do ventre das nuvens, ela desce até nós em forma de chuva para ajudar a terra a produzir e trazer à nossa mesa o pão nosso de cada dia.
Os antigos tinham razão. Esses quatro elementos são verdadeiros símbolos. Todos necessários à vida. Mas, de todos, repito, o que mais me ensina é água, pela sua inconstância, pela sua constante transformação, enaltecida por Heráclito, quando disse: "Não se toma banho duas vezes no mesmo rio"...