Com apenas 18 anos, dir-se-ia que você está ainda ao pé da montanha. Esta montanha que simboliza a vida, enquanto eu desfruto o clima lá do alto. E você talvez nem chegue lá. Ah, Raíssa, como é bom estar aqui no alto, olhando, com pena, os que ainda estão caminhando para cima. Vale a pena viver, minha querida. Vale a pena acumular experiências. As experiências que nos dão sabedoria. A sabedoria que nos enriquece de paz. Não tenho inveja de você, minha querida neta. Se me dissessem que eu iria voltar à sua idade, confesso que não queria. Não invejo os que ainda estão subindo a montanha da vida. O que devo e posso fazer é ajudá-los a subir com a escada da minha experiência.
Você está fazendo o vestibular, embora ainda não escolheu exatamente a profissão. Mas tenho certeza de que saberá escolher. Você adora ler, escrever, poetizar. Mais ainda: passa horas e horas no computador, viajando pela Internet, e é com muito apetite que vai para a escola. Aprender é com você. Daí as boas notas que sempre tirou.
Não nego a curiosidade. Afinal, qual a carreira que você vai escolher? Está aí uma coisa que eu gostaria de saber. Médica, engenheira, bacharela em Direito, arquiteta, enfermeira, odontóloga, antropóloga, professora? São tantas as interrogações que me chegam à imaginação...
Mas, tenha certeza de que é bom viver muito, minha neta. É bom envelhecer com sabedoria. Termino desejando-lhe muita paz, saúde e sabedoria. Esta, a maior riqueza da vida.