Falo de Francisco Perreira da Nóbrega, cronista, professor, doutor em Teologia, imortal da nossa Academia, onde ocupava a cadeira nº 33, que já deixou este mundo, e nele um grande vazio. Era membro da nossa Academia de Letras. O patrono de sua cadeira, Castro Pinto, foi um estadista paraibano e grande incentivador das Letras. Foi ele quem convidou o genial Carlos D. Fernandes para dirigir A União. O nosso aeroporto tem o seu nome. Será devido aos vôos da inteligência do homenageado?
Mas voltando a Francisco Pereira Nóbrega, não fui de sua intimidade, mas o admirava muito à distância. Até que, um dia, vim a conhecê-lo, numa livraria daqui. Pequeno de estatura, um pouco reservado, franzino, Chico Pereira, como também era chamado, me impressionou pela sua simplicidade e humildade. Depois, ele achou de ministrar um curso em nossa universidade sobre Teilhard de Chardin. Assisti às suas aulas com muito enlevo. Agora era o filósofo que também passava a admirar, o homem de pensamento, senhor de uma forte personalidade.
Daí por diante me desencontrei de Francisco Pereira da Nóbrega para depois voltar a encontrá-lo em suas crônicas diárias, no jornal “Correio da Paraíba”, numa coluna que deixou saudades a muitos leitores.
Chico Pereira não era muito de conversar. E quando conversava, era em tom menor. Jamais seria um político, de viver sorrindo e abraçando todo mundo. O homem era muito contido. Vivia se escondendo dentro de si mesmo, o que não é de estranhar num homem de pensamento. Quem fala muito, pensa pouco.
Católico convicto, mas muito independente em suas atitudes e idéias, o nosso Francisco Pereira da Nóbrega tinha como grande amigo o professor e escritor espírita Waldo Lima do Vale, autor do livro best-seller “Morrer... e depois?” O espiritismo de Waldo não afastou o católico de sua amizade. Ambos se entendiam e se respeitavam.
Na Academia de Letras, Francisco da Nóbrega nunca quis ocupar cargos. Mas sempre cumpriu os seus deveres de imortal.
Outro dia, estive visitando a Livraria do Luiz, que é um modelo de livraria, e com muita alegria revi uma edição do seu romance “Vingança, não”. E me veio um grande desejo de relê-lo. Agora não mais como um jovem verde, mas como um jovem maduro e mais experiente. E é o que vou fazer nestes dias. Reler este romance que deveria ser traduzido para vários idiomas e ganhado o mundo. Este e “Rio Seco” são leituras que exaltam.