Como eu gostaria de tê-lo conhecido pessoalmente. Não para falar-lhe. Gostaria, apenas, de contemplá-lo, mesmo que fosse à distância.
Sua distração quando viajava de automóvel era olhar as nuvens no firmamento. E era nesse contemplar de nuvens, que ele se inspirava para a sua arquitetura.
O presidente Kubistchek, o maior presidente que nós tivemos, logo que assumiu o governo, foi procurar o genial artista para cuidar da arquitetura de Brasília, pois já conhecia seu trabalho desde quando era prefeito de Belo Horizonte.
O que mais admirava em Oscar Niemeyer era sua integridade. Humanitário, incapaz de um deslize moral. E tanta corrupção por aí! Tanta falta de caráter! O nosso arquiteto, porém, soube fazer de sua vida também uma obra de arte. Uma admirável arquitetura existencial. Sua vida é um exemplo para todos nós.
Certa vez, declarou que “teria vergonha se fosse um homem rico. Que guardava duas coisas com satisfação: o desinteresse pelo dinheiro, que manteve por toda vida; e a vontade de ajudar as pessoas, ser-lhes útil, dividir.
Seus olhos não viam apenas as nuvens, mas também os meninos de rua, para os quais tinha profunda compaixão. Impressionante esta sua reflexão, com que encerro a crônica: “No dia em que o homem compreender que é filho da natureza, irmão dos bichos da terra, dos pássaros do céu e dos peixes do mar, nesse dia ele compreenderá sua própria insignificância e será mais humano, mais simples e mais solidário”.