Ele foi o autor predileto de minha juventude. Começou com “Clarissa”, que tanto mexeu com minha sensibilidade. Depois vieram outros: “Olhai os lírios do campo”, “Um lugar ao sol”, “Música ao longe”, “O resto é silêncio, “Caminhos Cruzados”, e assim por diante. E eu admirava também os títulos de seus livros. Por fim, vieram “Incidente de Antares” e as memórias com “Solo de Clarineta”
Érico também foi um bom escritor de viagens. Seu primeiro livro, neste gênero, “Gato Preto em Campo de Neve”, em que narra sua primeira visita aos Estados Unidos, é uma beleza pela sua argúcia de viajante. Há outros, no gênero, a exemplo de sua viagem ao México, e “Israel em abril”, que reencontrei aqui na biblioteca cheiinho de anotações a mão.
Vejam algumas: “O perfume dos laranjais é tão intenso que chega a ter um corpo, um peso, quase uma forma visível.” E que dizer deste trecho, quando ele se defrontou com o Mar da Galiléia e começou a fazer conjecturas líricas: “... ontem Jesus saiu de Nazaré, sozinho e a pé, na direção deste lago. Dormiu à noite debaixo de uma oliveira, cujos frutos comeu ao raiar do dia...” E mais adiante: “O Jesus de que te falo é um homem que transpira, que suja os pés na poeira dos caminhos e que os lacera nas pedras do chão”.
Doido por árvores, ele chega a este desabafo: “Alegra-me a idéia de que desde o princípio do Estado de Israel seu governo já fez plantar mais de setenta milhões de árvores no território nacional.
Quando estive em Porto Alegre, fiz questão de visitar a antiga Livraria Globo, onde vi o seu retrato sorrindo para mim... Pouco mais, a caminho da Alemanha, minha bagagem será pequena e alma, muito grande. Até a volta!