É que o cronista está com uma preguicinha danada, com esse silêncio gostoso, silêncio com cheiro de chuva.
Mas vamos à crônica, e eu me lembrando de Alagoa Nova, terra onde nasci, onde fui pai pela primeira vez, e para onde voltei, como juiz. E como juiz, tive um tabelião muito inteligente e que se deu muito bem comigo.
Observador primoroso, ele, certa vez, me disse: ”Doutor, um homem a gente conhece pelo andar”. Será? Talvez sim.
Acontece que chegou um novo delegado de polícia na cidade. Aí eu indaguei: E aí Bastos, que tal o novo delegado? E ele, sem pestanejar: “O andar é de malandro”...
Bastos era solteirão. Um homem de bem. Para ele, homem de bem é aquele que paga em dia, que nunca esquece suas dívidas. Acontece que Bastos emprestava a juros.
Alagoa Nova, que meu irmão Eudes denominava “sítio de mangueiras”, era uma beleza. E nem era terra produtora de cachaça...
Outrora, no cemitério, tinha um enorme pé de piroá, que terminou sendo derrubado. Isso me entristeceu. Outro dia, a nossa amiga e conterrânea, Aleci Mendonça, me mostrou uma foto antiga, com o grande piroá, na frente do cemitério. Uma maravilha.
Fui juiz de minha terra. Que beleza! E a casa onde dei o primeiro grito para o mundo ainda existe. Um sobrado de duas janelas e uma porta, que, ao que fui informado, continua inteiramente preservado. Soube até que o meu quarto, no primeiro andar, que tinha uma janela de onde eu espiava a igreja, ainda está do mesmo jeito.
Mas, e o meu amigo Bastos de Souza? Que admirável caráter. E pelo simples fato de não ser casado, o padre vivia se metendo na vida daquele admirável homem.
E eis que terminei a crônica que Germano me pediu. E concluo dando um viva. Viva a vida, e suas boas lembranças!