Meu pai morreu aos oitenta e dois anos. Minha mãe foi mais longe, entregar sua bela vida a Deus. Atravessou o século, sorrindo. Digo bem: sorrindo, pois nunca vi uma mulher tão otimista. Sua alimentação? A mais sóbria possível, sem esquecer o ponche diário de laranja com cenoura. Gostava de cantar, gostava de ler, gostava de conversar, decifrava as chamadas “palavras cruzadas” e as charadas, nem é bom falar.
Minha mãe era muito bonita e tocava flauta. Já meu pai, não foi tão longe como ela, na idade, pois teve problemas com a próstata.
Tive um tio extraordinário, chamado João Augusto. Morreu solteirão, e se você lhe contasse a façanhas de uma pessoa, ou que alguém havia ficado muito rico, ele apenas dizia, sorrindo: “Mas, morre...”
Meu irmão mais velho, Mário, morreu de fumo. Ainda cheguei a vê-lo, no hospital, arquejante e lamentando muito por ter fumado.
Eu ainda estou vivinho da silva. Fui fumante exagerado, até que, um dia, senti o coração palpitar, a ponto de pular fora. Consequência do cigarro. Larguei-o, logo.
Hoje, com meus dois filhos queridos, Carlos e Germano, sinto-me feliz, pois ambos são infensos ao fedorento vício do fumo. Cigarro rima com catarro e pigarro, que são consequências de quem fuma.
Há uma modinha que termina assim: “Adão, foi feito de barro, colega, me dê um cigarro”. Dê não, leitor. Lembre-se de que o famoso Freud era um fumante exagerado até que contraiu câncer na boca, de cujo mau cheiro seu gato corria como o diabo da cruz.