Sei não, a Rádio Tabajara daquele tempo me dá muitas saudades. E eu desejava tanto ser seu cantor... Mas fui eliminado num concurso de calouros, quando cantei “Balalaica”. Foi uma vergonha.
Orgulho-me de ter promovido, naquela emissora, um programa de música erudita, que foi um sucesso. O programa chamava-se “Paisagem Sonora”. Tinha muitos ouvintes, inclusive o professor Flósculo da Nóbrega, que chegou a telefonar para a rádio pedindo o “Va pensiero”, da ópera Nabuco, de Verdi.
A Rádio Tabajara sempre foi uma instituição que imprimiu muito respeito. Era lá que se realizavam as posses dos imortais da nossa Academia de Letras, dentre outras importantes solenidades.
Desejei ser seu cantor e nada, seu locutor também e nada, mas terminei como seu diretor, que para mim foi uma honra. Soube que meu retrato lá está, numa galeria.
A Tabajara teve ótimos diretores, a exemplo de Carmelo Santos Coelho e do ex-ministro Abelardo Jurema, cuja crônica “Do teatro da guerra”, sobre a segunda Guerra Mundial, era declamada diariamente.
A emissora mantinha a Hora da Saudade, que fazia muita gente chorar. Meu pai, José Augusto Romero, tinha um programa espírita chamado Neblina Espiritual.
É verdade que, com a TV, o rádio perdeu a receptividade que tinha. Mas a vida é assim, um festival de mudanças.
Termino a crônica desejando que a Tabajara continue difundindo música, cultura e informação.