Na sua momentânea e ruidosa chegada, o que dizer sobre ele? Qual a atitude a tomar diante desse fato? De indiferença, de medo, de confiança, de ceticismo, de fé, de… Ah, foram tantos os comportamentos, cada um expressando sua personalidade, sua maneira de ser.
Para muitos o Novo Ano é um salto no escuro, um enigma, um mistério. Aí nascem o medo, a angústia, a inquietação, o desassossego. Afinal o que é que esses 365 dias vão nos trazer?
Nada inquieta mais do que o desconhecido. Há, porém, aqueles que vêem o Ano Novo como uma estrada bem pavimentada, ornamentada de canteiros, iluminada de sol. São os otimistas, os que só vêem beleza em seu caminho.
Outros são saudosistas. Pelo seu gosto o tempo parava, não haveria mudança em suas vidas. Tudo continuaria sendo a mesma coisa. Olham o novo ano com uma certa desconfiança. Fazem-lhe mal a algazarra, o barulho, a alegria, os desabafos comemorativos da significativa passagem.
Não esquecer os supersticiosos, que acendem velas e incensos, que colocam plantas de “comigo ninguém pode” na entrada da casa, que rezam o tempo todo.
E que dizer dos céticos, dos incapazes de se comoverem com a passagem de mais um ano em suas vidas? Dos frios, prosaicamente frios. Que na passagem do ano são capazes de tratar de negócios, de coisas antipoéticas. Esses para mim sãos os piores, dignos de piedade, pois são morféticos e não sabem. São cegos de indiferença. Só se preocupam com as coisas materiais. Não vêem mais os encantos da vida. Olham o mar e lamentam que ali não se possa construir edifícios. Passam por um jardim completamente alienados. Já não se surpreendem a uma lua boiando sobre as nuvens. Não têm ouvidos para o canto dos pássaros e o murmúrio do mar. Nos seus ouvidos o que se vê, a todo instante; é um celular…
Seguem-se aqueles que diante de um Ano Novo enchem-se de reflexões. Reflexões sobre o sentido da vida, o valor do tempo e a nossa responsabilidade no mundo, já que temos de responder pelos nossos atos, pelo nosso comportamento tanto individual como social.
Afinal, o que foi que plantamos no ano que se foi? O que temos de louvar, aplaudir ou censurar em nossos atos? Enxugamos lágrimas, esquecemos ódios, demos alegria a alguém ou vivemos apenas para os nossos interesses egoísticos? Que diz a nossa consciência? Qual foi o seu comportamento?
Perdoe a bisbilhotice deste cronista, que sentiu muitas saudades do ano que se findou e está cheio de esperanças no ano que está chegando.