E um dos domingos mais tristes e entediados que eu vi na minha vida, foi, certa vez, na cidade de Mainz, pertinho de Frankfurt, na Alemanha, onde mora o nosso amigo Wolfgang Heuser.
Cidade bonita, civilizada, mas triste. Foi lá que vi, acariciei e comi bonitas maçãs. Enquanto preparavam o café da manhã, eu costumava ir com nosso amigo colher maçãs no pomar de seu ajardinado condomínio. Fruta tirada do pé tem outro sabor.
Mainz, aos domingos, vira um cemitério. As portas e janelas fechadas e ninguém na rua. Lembro que, nesta tarde, vi umas mulheres, por sinal bem gordas, conversando em suas cadeiras de balanço. Eu daria a vida para saber o que elas conversavam...
Diante de tanto silêncio, tive vontade de gritar bem alto: “viva a vida”! As mulheres conversavam, era domingo e eu estava com saudade do Brasil, onde ainda não vi mulheres conversando na praça. As alemãs mais velhas são sempre gordas.
Mas, justiça seja feita, Mainz é uma cidade bonita e simpática. Foi lá que nasceu o inventor da imprensa, Gutemberg, cuja casa, que virou museu, eu fiz questão de visitar.
Voltando aos domingos, voltando às mulheres gordas, só sei que diante daquele silêncio, tive vontade de dar um grito brasileiro.
Entretanto, não devemos esquecer de que a vida pede silêncio. Nosso corpo é um exemplo de silêncio. O sangue, na sua corrida permenante, a faz sem barulho.
Domingo à tarde, em Mainz, nunca mais... Mesmo com as maçãs.
Domingo, gosto dele não. O de que gosto mesmo é de uma segunda-feira em Paris com suas livrarias todas abertas e a cultura se espalhando pelas calçadas. A Paris, que meu filho Germano percorreu de bicicleta, desmoralizando a cidade-luz, e ainda mostrou no programa Parada Obrigatória, da RCTV.