Sorriu quando as crianças correram para ele, num alvoroço encantador. E sorrindo, disse: “Vinde a mim as criançinhas por que delas é o Reino dos Céus”.
O olhar de Jesus... Era o que eu gostaria de ter visto. E, aqui para nós, não há nada mais belo, mais humano do que o sorriso. Uma árvore florindo é uma árvore sorrindo. E estou vendo, agora, através da imaginação, um pé de acácias. E vi tantas belas árvores na recente viagem que fiz, pelas estradas da Escandinávia...
Meu pai, José Augusto Romero, era um apaixonado pela Natureza. No seu sítio, que ficava às margens da Lagoa, hoje o renovado Parque Solon de Lucena, dava de tudo que era planta. Um dia, me ensinou a aguar uma porção de crótons que enfeitavam a entrada da casa. E, à medida que eu ia jogando água nas plantas, estas iam se agitando com a brisa, e ele me dizia: “As plantas estão acenando e agradecendo a água que você lhes está dando”. E eu acreditava.
Tenho pena das pessoas mudas, cegas, que não olham para as plantas. Tenho pena também das pessoas que não sorriem.
Jesus sorriu. Ele só não sorriu quando se viu pregado numa cruz. Crucificado pelo crime de ser bom.
Acho que na manjedoura, ele, récem nascido, viu aquela estrela riscando o céu. Que lindo!
Gritava o educador francês Rabelais: “Sorria, sorria, o sorriso é próprio do homem!” Sim, só os bichos não sorriem. Mas, dizem, como exceção, que a hiena, no instante da morte sorri. Não recomendo tal hábito.
Voltemos a Jesus, ao seu sorriso de luz, que deveria ser belo. Bem aventurados os que sorriem. Sorriso de Jesus. Ele só não sorriu quando se viu pregado numa cruz, o sangue escorrendo pelo corpo... Mesmo assim, não chorou Jesus! E continua crucificado pela cruz de nossa indiferença.