Surdo aos apelos do mendigo, o rico só pensava nele. Era materialista, só acreditava numa existência e que não precisava dar conta de sua vida a ninguém.
Pensando bem, se nós temos apenas uma existência aqui na Terra para que se inquietar com o futuro? Morreu, acabou-se e pronto. Que goze o rico, que sofra o pobre. Não temos responsabilidade nenhuma com os nossos atos. Será?...
Acontece que o rico e o pobre morrem. As situações mudam. O pobre agora está numa boa situação, enquanto o rico arde no inferno. E vendo Lázaro na boa, pede a Deus que o tire daquela dolorosa situação. Aí vem a resposta divina. Tenha paciência o rico. Chega a pedir que molhe a ponta de seu dedo, porquanto o calor é grande. A resposta divina não demora:
“Meu filho, tiveste tudo no mundo e nada fizeste pela pobreza. Lembre-se de que durante a sua vida você recebeu coisas boas, enquanto que Lázaro recebeu coisas más. Agora, porém, ele está sendo consolado aqui e você está em sofrimento. E além disso, entre vocês e nós há um grande abismo, de forma que os que desejam passar do nosso lado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem. Não fizeste a caridade. Não amaste o pobre como a si mesmo.
O rico, com o rosto molhado de lágrimas, refletiu um pouco e pensou nos seus familiares, que ignoravam os rigores da lei, então suplicou ao Pai: Manda Lázaro ir à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos. Deixa que ele os avise, a fim de que eles não venham também para este lugar de tormento. Ao que Deus respondeu: “Eles têm os Evangelhos. É só lê-los e praticá-los”.
Nós temos a Doutrina Espírita, cujo lema é: “Fora da caridade não há salvação”. Que os ricos estejam atentos!...
Finalizemos, abrindo “O Livro dos Espíritos”, e leiamos: Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar de seu coração todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade”.
Ser caridoso é sentir o problema do outro. Sentir e agir em seu favor. Ontem, eu vi em pleno trânsito, um homem muito moço, bonito, estendendo o olhar pedinte aos que estavam em seus carros. Mas, o que tem isso demais? O homem não tinha mãos. Assim mesmo, este homem sorria...