Jesus ia caminhando, acompanhado de seus discípulos, quando resolveu parar um instante. Muito sol, muito suor, muita sede. Jesus parou para descansar, que ninguém é de ferro, mesmo sendo Jesus. Os discípulos resolveram ir comprar alimentos na cidade. O Mestre ficou só, até que chegou uma mulher linda, de corpo e de feição. Vinha buscar água no poço. O vestido comprido, o jarro na cabeça. Vinha atrás da água que mata a sede. A nossa sede nunca pára. Estamos sempre sedentos.
Foi aí que Jesus pediu água à mulher, que teve um susto, pois ela era samaritana, Jesus judeu, povos que não se davam muito bem. Daí a surpresa da samaritana, que lhe peguntou: “Como sendo judeu, estás a falar com uma samaritana?” Jesus respondeu-lhe: “Se tu conheceras o dom de Deus, e quem te pede água, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva, pois qualquer que beber da água deste poço tornará a ter sede. Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede”.
Depois, o Mestre fez revelações da vida da samaritana e ela ficou acreditando que Ele era o Messias que havia de vir.
Portanto, segundo a lição do Mestre e metaforizando a coisa, só a verdade evangélica liberta. Aquela verdade que Pilatos indagou e que Jesus deu o silêncio como resposta.
A samaritana, na sua ignorância, não compreendeu a lição de Jesus. “Dá-me de beber dessa água.” pediu ela. Sim, não deixa de ser desagradável, todo o dia, ir ao poço para tirar água. Não só isso. O pior é que água do Poço não matava a sede para sempre.
Nós temos muitas sedes. Sede de dinheiro, de gozos materiais, sede que não pára. Jesus veio ao mundo matar a nossa sede com a água-viva da verdade que liberta.
Bela, a lição do Mestre, que não perdia tempo em ensinar o seu Evangelho, a chamada Boa Nova.
Água viva, água morta. Água que mata a sede por algumas horas, água que a mata a sede para sempre. O Evangelho é a grande fonte de conhecimentos. Conhecimentos que libertam. É a água-viva.
Pensando bem, se Jesus fosse outro, não teria dado aquela transcendente lição. Teria achado a mulher samaritana bonita, conversado com ela um pouco e jamais daria aquela bela lição. Mas o Mestre só teve dois objetivos, aqui no mundo: ensinar e curar. Mais ainda: deu o exemplo. Veio trazer a luz e os homens lhe deram a cruz. Morrendo de sede, pediu água e lhe deram vinagre. E na cruz, todo ensangüentado, ainda teve ânimo de pedir ao Pai que perdoasse os seus algozes por que eles não sabiam o que faziam.
E aqui para nós, Jesus continua crucificado pela nossa ignorância, com a nossa sede de água morta, com os nossos apegos. Jesus continua esquecido e ignorado. Muitos o crucificam com a ignorância e a indiferença.