Faço questão de juntar as lágrimas de Wills com as minhas. Lembremos que chorar nem sempre é sinal de fraqueza, mas de sensibilidade.
Também tive o priviégio de ser amigo de Virginius, cuja palavra sempre me extasiou e me encantou. Fui seu amigo e também vizinho. Ia muitas vezes bater papo com ele lá no sítio de Tambiá, onde não faltavam lindas mangas-rosa, que ele me oferecia sorrindo.
Virginius escrevia quase todos os dias, nos jornais. Uma prosa límpida, elegante, gostosa de ler. Dizem que o nosso menestrel, numa conferência escrita, proferida no Recife, achou de abandonar o papel que tinha nas mãos, e pôs-se a falar de improviso. E foi bastante aplaudido.
Ninguém escreveu melhor sobre a Revolução de Trinta do que ele, no seu romance “Tempo de Vingança”. Bom também na crônica, o nosso menestrel é nome para estar sempre lembrado seja de olhos enxutos ou não.
Personalidade admirável, seja na fala, seja na escrita. Um homem bonito, elegante, culto, incapaz de matar uma mosca. Logo cedo perdeu seus pais e passou a ser criado pelas tias. Em carta escrita a Gilberto Amando desabafou: “Não cheguei a conhecer mãe, perdia-a no primeiro ano de vida. Pai mesmo, pouco conheci”.
As lágrimas de Wlls eu as tomo para mim. Os bichos não choram. O choro é do homem. Jesus, que é Jesus, chorou.
Mas a vida é isto. Choro é saudade que se liquidifica. E é belo, belo ver lágrimas correndo num rosto. Gostei, meu amigo e conterrâneo Wills Leal. O choro é próprio do homem. Mais do que do homem, o choro é divino.
Mas agora estou imaginando Virginius sabendo de suas lágrimas... Vá ver que choraria também.