Ele começa o livro alinhando três razões que, para muitos, tornam a velhice detestável: afasta da vida ativa, enfraquece o corpo, priva-o dos melhores prazeres, e aproxima da morte. Com muita sabedoria e bom humor Cícero vai desfazendo tais argumentos. Para ele, é na velhice que o homem adquire sabedoria, clarividência e discernimento. Tanto é assim que as grandes assembléias eram confiadas aos idosos. E cita o exemplo de Esparta, "onde os magistrados mais importantes são velhos".
Quanto à memória – argumenta o autor – “ele nunca soube de um velho que esquecesse o dinheiro guardado..." E explica: "os velhos se lembram sempre daquilo que os interessa, sobretudo os seus devedores..."
A reflexão, um dos atos de inteligência que nos difere dos animais, na velhice é muito acentuada. Abaixo, portanto, a assertiva de que os idosos são esquecidos.
Cícero informa também – e nisso ele foi precoce –, que quem exercita a mente, no estudo e na leitura, jamais enfraquece a memória. E acrescentaremos: assim como exercitamos os músculos do corpo, por que não fazer o mesmo com o nosso intelecto?
E vão, aqui, algumas do velho estadista: "É preciso, na velhice, estar sempre ocupado, sempre botando a cabeça para funcionar". Velhice, como a lâmpada, precisa de óleo. Naquele tempo as lâmpadas necessitavam de combustível.
Mais adiante, Cícero faz esta reflexão: “a velhice é honrada, na medida em que resiste". Nada, portanto, de entrega. Quanto à morte, ela tanto chega para o idoso como para a criança e o jovem. E a estes, até com muito mais frequência.
Eis mais um conselho dado por aquele sábio a fim do idoso melhorar a memória: "toda a noite, antes de dormir, procure lembrar-se de tudo que fez durante o dia. É um ótimo exercício".
Cícero escreve que festas, embriaguez, exagero na comida e na bebida só fazem comprometer a saúde. Ah, as dolorosas ressacas dos jovens! Não é de invejá-las. E que tal esta conclusão do mestre romano?: “Por que temeria a morte se, depois dela, não sou mais infeliz, quem sabe até mais feliz? Aliás, quem pode estar mais seguro, mesmo jovem, de ainda estar vivo até o anoitecer? E quem duvida que os jovens correm mais o risco de morrer do que nós?”...