N a noite do último sábado, para a minha surpresa, eis que o amigo, colega de jornal e de ideais espíritas, Hélio Zenaide, sobe à mesa para ...

Hélio, um homem completo

Na noite do último sábado, para a minha surpresa, eis que o amigo, colega de jornal e de ideais espíritas, Hélio Zenaide, sobe à mesa para fazer a palestra, lá no Centro Espírita Leopoldo Cirne, agora reformado e refrigerado

Se há uma pessoa que nunca imaginei que um dia viesse a se tornar espírita é o jornalista Hélio Zenaide, hoje afastado da imprensa, onde atuou com tanto brilho, elegância e objetividade, sempre me parecendo meio cético. Ceticismo sublinhado por uma suave ironia. Um homem mais ocupado com o aquém do que o além.

Um verdadeiro homem de jornal. Bom na reportagem, excelente no comentário político e arguto analista dos fatos, ninguém melhor do que Hélio para escrever um belo editorial, coisa que, como jornalista, nunca fui capaz de fazer.

Filho de Alagoa Grande, ele nasceu para escrever. Esta sua maior aptidão. Escreve com uma facilidade admirável, num estilo simples e objetivo. Seu pai, Heretiano Zenaide, foi pioneiro da ecologia em nossa terra. Escreveu vários livros cujo tema predileto era a Natureza. Livros que mereciam ser reeditados em face de seu valor didático. Portanto, esse gosto de Hélio pelas letras veio de seu pai.

De religião, o nosso jornalista sempre manteve distância. Seu temperamento cético estava mais preocupado com as coisas cá de baixo. Mas um dia – aí é que começa a sua outra história – Hélio, pela mão de sua filha Valéria, termina dentro de uma sala mediúnica do Centro Espírita Leopoldo Cirne, onde se comunica com os espíritos e se surpreende com o que o que viu e ouviu. Convenceu-se da proposta espírita, tornando-se um convicto profitente. Daí em diante, não quis mais escrever sobre outra coisa. A Doutrina o fascinou. No tradicional jornal A União manteve, por muito tempo, uma coluna diária, abordando temas sobre mediunidade, reencarnação, e moral evangélica.

Por motivo de saúde, com problema de visão, viúvo, ele hoje quase que não sai de casa, ao lado dos livros, dos filhos e dos netinhos. Assim mesmo, continua lendo com o apoio de uma lupa e de sua filha que lê pra ele. E pretende reunir em livro, oportunamente, suas crônicas a que deu o título de “Notas de um aprendiz”. Modéstia, ele é um grande mestre.

E para a minha alegria, no sábado passado tive o prazer de ouvir Hélio Zenaide proferindo uma palestra sobre Leopoldo Cirne, patrono do centro onde frequentamos. Falou em alto e bom som, numa voz bem postada e com saudável aspecto.

O auditório lotado, não cabia mais ninguém. E isso numa noite de sábado, no meio de um feriado prolongado, cheio de atrações mundanas. Mas, Hélio estava, ali. Era um homem feliz. Feliz com a sua paz de consciência, feliz com a sua família, feliz com a religião que é hoje sua maior motivação na vida. Confesso que fiquei emocionado com o que vi. Hélio me dava, naquela ocasião, uma grande lição. Lição de coragem e fé.

Hélio Zenaide! Que bom que a nossa Assembléia soube reconhecer seu valor e conferiu-lhe a elevada comenda, a medalha Augusto dos Anjos, há pouco mais de 2 anos. Hélio merece todas as homenagens, pois é um homem completo.

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