E se ela não está mais conosco, aqui no mundo, estejamos sempre nos lembrando dela com o presente de uma oração. Para quem não é materialista, para quem acredita na vida após a morte, a mãe jamais deverá ser esquecida. O grande médium Chico Xavier conversava com o espírito de sua mãe, num jardim, e dela ouvia muitos conselhos. E como chorou quando a viu! Chegou a pedir-lhe que o levasse com ela... E sua mãe também chorou. As lágrimas escorrendo, silenciosas, nos dois rostos...
Como ia dizendo no início, minha mãe foi a maior riqueza de minha vida. Ela se refletia em mim. Ensinou-me muita coisa, coisa para um bom viver. E não é que já estou com vontade de chorar, molhar as teclas do computador com as minhas lágrimas?...
Chamava-se Piinha. Piinha que veio de Pia. E sua fruta predileta era pinha. Às vezes, penso que minha mãe não existiu. Tudo parece um sonho. Tudo que sou hoje, devo a ela. Ensinou-me belas coisas e contou histórias lindas que falavam de fadas, de feiticeiras, histórias de amor e de terror, sobretudo aquela da feiticeira que morreu queimada na fogueira. Narrava as histórias e depois dizia: “Agora vá dormir”. E antes mandava que rezássemos o Pai Nosso.
Minha mãe... Estou com profunda saudade dela e invejando o grande Chico Xavier que conversava com a sua mãe, depois que ela deixou este mundo.
Minha mãe era uma ótima decifradora de Palavras Cruzadas. Quando mocinha, tocou flauta. Uma vez a vi chorando ao ouvir uma sonata de Beethoven. Fez questão que sua filha Iracema, minha irmã caçula, aprendesse piano. E a menina atendeu ao pedido da mãe.
Minha mãe... Ah se ela viesse agora aqui... Ah se eu fosse médium vidente... Pelo seu gosto, ela teria viajado o mundo todo. Estou com saudade, e saudade dói. Mas já que ela não vem, que venha minha Alaurinda, a nora que ela gostaria de ter conhecido.
E, pensando bem, o que é o mundo senão uma ilha cercada de saudades por todos os lados?