Mas a castanhola dá uma sombra muito acolhedora, que chega a fazer raiva ao sol. Os pardais costumam fazer da castanhola sua casa. Quando começa a escurecer, quando o sol vai deixando a Terra, os pardais não querem outro lugar para se abrigarem. E chegam sempre na maior algazarra. A castanhola vira um edifício de apartamentos...
Mas quando as folhas verdes amarelecem e vão caindo no chão, numa lentidão de lágrima, sinto um nó na garganta. O verde das folhas se tornando amarelo. Aí temos um comovente bailado, o bailado das folhas amarelas. Elas caem no chão e são chutadas, como imprestáveis. Mas, o que fazer? É o bailado da vida. Tudo nasce, tudo morre, tudo renasce. Na verdade, tudo se transforma, como já dizia Lavoisier.
Sempre que apanho uma folha amarela, tenho vontade de beijá-la ou guardá-la. E agora estou me lembrando dos plátanos de Paris, que no outono começam a se despir, e logo ficam todos sem folhas, morrendo de frio. Parecem interrogações. E eu fico desejando a chegada da primavera. Ah, Paris, como me comovem as tuas alamedas cheias de plátanos nus, no inverno... Os plátanos das alamedas do Jardim de Luxemburgo, do cais do rio Sena, da bela e turística avenida Champs Elysées, dos Champs de Mars, ali pertinho da Torre Eiffel, que ficam todos completamente secos
Mas eu vinha falando de castanholas, que decerto já estão com ciúme do cronista. Deixemos os plátanos para os lugares frios. As castanholas são árvores do sol, dos trópicos, do calor. Temos uma linda e frondosa aqui no quintal da nossa casa de Tambaú.
Mas, vamos pingar o ponto final na crônica. E viva a didática das castanholas e dos plátanos que estão sempre nos dando uma lição de vida, de renovação. Tudo na Natureza nos ensina. Eis a grande verdade. O negócio é saber ver. Saber ver e saber pensar. E viva a vida.