Quem na vida já não sentiu saudade? Vá ver que até os animais sofrem dessa falta de presença. Outro dia vi um bem-te-vi botando o bico no mundo, chamando sua companheira. Depois ela chegou e foi aquela alegria. Nada melhor do que um reencontro.
Saudade do filho que vai morar longe, saudade da filha que casou e deixou a casa paterna, saudade dos que saíram deste mundo, saudade... Basta, se não vou buscar logo um lenço pois as lágrimas já estão chegando...
Mas a pior saudade é dos que morreram. E esta saudade ainda mais aumenta, se o ausente se foi para sempre. Um materialista deve sofrer muito mais do que um espiritualista. Para aquele, a morte é o fim. Não há mais possibilidade de um reencontro.
Ele não acredita em espírito. E não acredita porque não o vê. Aí vem a indagação: será que nós vemos nossos pensamentos? No entanto, eles existem.
Mas vamos a outras saudades. Estou me lembrando agora das crianças órfãs. Não há maior sofrimento do que a perda de uma mãe, de um pai, quando ainda criança... Felizmente não passei por esta provação.
A orfandade dói. Daí Jesus, quando ia se despedir do mundo, dizer aos apóstolos: “Não vos deixarei órfãos. Rogarei ao Pai e ele enviará outro consolador”. Que consolador seria esse? Qual a religião ou a doutrina que está consolando as pessoas quando elas perdem seus entes queridos? Qual a religião que prega a mediunidade, a certeza de que os que se foram podem se comunicar? E os coitados dos ateus, que acham que morreu, acabou-se? Será que é feliz quem pensa assim?
O médium Chico Xavier sofreu o diabo depois que sua mãe morreu. Só encontrou consolação na sua mediunidade.
Os que se foram, onde estão? Eis a dramática indagação. Estão no cemitério? E abaixo as “saudades eternas”.
Tudo passa, até a saudade. Viva a alegria dos reencontros, lembrando que, às vezes, eu tenho saudade até de mim mesmo. E eu gosto muito de conversar comigo.