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Elegante, bom e bonito

Sim, estou me referindo a Abelardo Jurema, que comemoraria um século de existência, se ainda estivesse aqui no mundo.

O evento está sendo lembrado com muita saudade, porquanto Abelardo soube, como ninguém, fazer amigos. Era uma alma escancarada, aberta, fraternal, que todos os dias nos dava lições de amor à vida.

Fui seu aluno. Mais ainda: fui seu admirador. Aluno de que? Adiante eu conto. Continuemos na crônica.

Nosso querido Abelardo não sabia cultivar ódios, ressentimentos. Recorro à memória, que me traz a imagem desse homem de coração aberto. Ele me chamava Romero. E o Romero, em sua boca, soava bonito, pois a voz dele era de uma sonoridade que agradava aos ouvidos. Sempre elegante. Elegante no vestir, elegante no falar, elegante no ensinar, não esquecendo que ele foi meu professor. Professor de que? Mais adiante, digo.

Ele gostava de política, da boa política. Espremo mais a memória e vejo-o de camisa colorida, distribuindo sorrisos e abraços. Difícil não gostar dele. Nunca vi Abelardo triste, falando mal de alguém, Abelardo pessimista, Abelardo rosnando ódios.

Foi um paraibano ilustre, que desempenhou cargos importantes com a mesma fidalguia. Seja como Ministro da Justiça, Procurador da República, Prefeito, e Diretor do BNDES, como professor e diretor da Rádio Tabajara, onde se ouvia a sua voz, que era de uma imponente beleza. E saber que esse otimista foi exilado... E nesse exílio no Peru, deixou-nos um livro molhado de saudades, um livro comovente.

Sim, vou contar, Abelardo foi meu professor de Literatura Brasileira, no Lyceu Paraibano. Suas aulas eram gostosas. Ele confundia-se com os alunos. Nada de distância. Um homem que deixou um grande exemplo não só aos alunos mas a todos os paraibanos. Exemplo de otimismo, de amor à vida, de dignidade, de coragem diante das dificuldades.

Sua mão vibrou quando assinou o decreto que federalizou a nossa Universidade. Que grande presente, ele deu à nossa terra!

Pai de oito filhos que só lhe deram alegria, ele era uma alma aberta, que não conhecia a mesquinheza. E como era gostoso aquele seu abraço fraternal, como se quisesse abraçar o mundo!... Um homem elegante, bom e bonito.

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