Ele era muito elegante, quer no traje, quer no comportamento. Elegante só, não. Meu pai era muito bonito. Tanto é assim, que, numa palestra lá na Federação Espírita Pernambucana, uma senhora, no auditório, indagou à minha mãe, sentada ao seu lado: “Donde é aquele senhor? E minha mãe: “É o presidente da Federação Espírita Paraibana”. A mulher não pensou duas vezes, foi logo dizendo: “Bonitão!
E ele era elegante em tudo. Não só na maneira de falar, de se vestir, de se portar. Sério, sem ser sisudo. De sua boca, ouvia sempre a palavra “caráter”, que para ele era tudo num homem... Não admitia desonestidade, mormente no que tange à administração pública.
A Federação, então sediada lá na rua Treze de maio, era agora a sua segunda casa. Teve bons assessores, a começar por José Pereira da Silva, conhecido por “Seu Zuza”, alto funcionário da Alfândega, e a quem foi confiada a farmácia homeopática. Seu Zuza era calado, responsável e de uma mansidão admirável.
Pelo Natal, “Seu Romero” - era assim que o chamavam - promovia o Natal dos Pobres, com a distribuição de roupas. A fila tomava toda a extensão da rua.
Foi ele quem apresentou o extraordinário médium Divaldo Franco à Paraíba. Divaldo era um jovem de 18 a 20 anos. Muito bonito, cujo verbo botou e continua botando muita gente no Espiritismo. O médium se hospedava na nossa casa, lá em Tambiá, na Odon Bezerra.
Depois a Federação mudou-se para o Parque Sólon de Lucena, num terreno doado pelo espírita e paraibano Artur Lins de Vasconcelos, residente no Paraná, onde comercializava madeira.
José Augusto não desejou outra coisa na vida: dedicar-se, inteiramente, à Doutrina codificada por Allan Kardec. E tudo ia muito bem, quando o jornal católico “A Imprensa”, sediado na Praça do Bispo, trouxe um artigo violento do padre Hildon Bandeira, sob o título “Guerra ao Espiritismo”. O artigo era o início de uma série.
O fato chegou ao conhecimento do manso José Augusto Romero, que não era homem de polêmica. Constrangeu-se muito com o fato. Sua consoladora doutrina não merecia aquelas violentas catilinárias. Foi aí que José Augusto Romero convidou o advogado espírita Horácio de Almeida para responder ao padre, já que o convidado adorava uma polêmica. E começou a guerra dos artigos, Horácio neste jornal, A União, e o padre no matutino católico. O resultado é que Dom Adauto, arcebispo na época, diante das fortes acusações à Igreja, baseadas na História, feitas pelo Dr. Horácio, findou determinando que aquela guerra acabasse. E eu fico imaginando se o nosso atual e ecumênico arcebispo, Dom Aldo tivesse assistido tal polêmica, ele que, hoje, juntamente com o pastor Estevam Fernandes, assistem reuniões na Federação Espírita Paraibana, ouvindo, encantados, o verbo eletrizante do médium Divaldo Franco...