E é sobre o sono, este fenômeno que ocorre todos os dias quando dormimos, que tanto ocupou e preocupou Sigmund Freud e Carl Jung, que continuaremos a falar. O vienense viu no sonho a projeção de nosso inconsciente, que ele chamou “Id” e onde estavam todos os nossos recalques, frustrações, complexos. E mais ainda: a projeção da nossa sexualidade, que o célebre vienense observou até num tranqüilo e gostoso mamar do seio materno.
As constatações freudeanas causaram escândalo, ao contrário do psicanalista suíço Jung, que foi seu aluno. Este falou de “super-ego”, trazendo nova ótica para o estudo do sonho.
Há sonhos que nos fazem felizes. O citado psiquiatra norte-americano tem razão. Quando sonhamos bem, acordamos bem. Horrível o chamado pesadelo. Não deixa de ser uma boa saudação quando uma pessoa nos diz: “tenha bons sonhos”. O médium Divaldo Franco nos recomenda que, antes de dormir, tenhamos algumas precauções: nada de ouvir noticiários deprimentes, nada de má leitura, nada de poluir nossa mente.
Mas Divaldo é médium espírita e a ótica espírita vê a coisa diferente. Afinal o homem não é somente matéria, mas um inquilino da casa física que é o corpo e através do qual evoluímos. E eu já estou imaginando Freud lendo a questão 400 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, a propósito do sonho. Estou quase certo que o vienense mal humorado e viciado no fumo que o matou, daria uma grande gargalhada. Existir espírito, que coisa absurda! Para ele, o homem era só matéria. Já Jung, ao contrário de Freud, era espiritualista, o seu “Self” é o espírito, e assim por diante.
Mas vamos à questão: por que sonhamos? E o que é que o sonho representa na nossa vida? Sonhos maus, sonhos bons, sonhos que nos fazem felizes... Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, um livro de perguntas e respostas, em ele que teve direta participação, trata do assunto na questão de nº 400, objeto do nosso texto. Vejamos a pergunta do Codificador do Espiritismo aos que não estão mais neste mundo, no capitulo VIII, intitulado Sono e Sonhos: “O espírito encarnado permanece, voluntariamente, no envoltório corporal?” A resposta veio, com uma certa ironia dos espíritos. Uma resposta que redundou numa pergunta. Ei-la: “É como perguntar se o prisioneiro está satisfeito sob as chaves”.
E concluem: “O espírito encarnado aspira, incessantemente, à libertação, e, quanto mais grosseiro é o envoltório, mais deseja ver-se desembaraçado”.
Portanto, segundo os espíritos entrevistados por Kardec, nossos sonhos também podem ser uma fuga, uma libertação do nosso espírito, que pode visitar outros mundos, reencontrar-se com os entes queridos que já não estão aqui neste planeta.
E viva o sonho, que quando bom nos faz felizes, a ponto de a gente dizer: “ontem, sonhei visitando fulano, que beleza, ou, senão, que lugar lindo vi no sonho!. ”Freud, Jung, Kardec, vale a pena estudá-los.
Ora, para quem não acredita no espírito, no espírito que está dentro de nós, tal informação dos que estão na vida espírita talvez pareça um absurdo.