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Distração e reflexão

Tem vez que desejamos fazer um jejum de gente, isto é, ficar sozinho. Sozinho não, que ninguém fica só. Quando não tem ninguém para conversar, conversamos conosco. Há um outro dentro da gente, que, às vezes, nos censura, discorda de nós, mas que também nos aplaude. Esse alguém é a consciência, que não morre, que nos acompanha quando nos tornamos espírito, que beleza! Para os que acreditam que com a morte tudo se acaba, principalmente a consciência, o que fizeram de bem ou de mal não importa, porquanto ninguém nos cobra do que fizemos. Não há responsabilidade no nosso viver, pois com a morte tudo se transforma no nada... Mas, quem acredita que a consciência perdura, que o espírito sobrevive ao corpo, aí a coisa muda.

Dizem que existem céu e inferno. Céu para os bons e inferno para os maus. E o mais grave é que esse inferno é eterno. Deus nem tem pena daqueles infelizes, criados por Ele. Ora, aqui para nós, o inferno é uma consciência culpada, e o céu o contrário. O remorso é um fogo, que vai diminuindo, graças ao arrependimento. Um pensador já disse que a felicidade é a consciência tranquila. Eis uma grande verdade.

Voltando ao começo, é quando estamos sozinhos que conversamos com nossa consciência. Daí a necessidade de silêncio e de solidão. Barulho é para quem deseja livrar-se do diálogo com a consciência. Barulho, álcool, droga, diversão, são meios usados para esquecermos a nós mesmos. E o trabalho também é um excelente entorpecente.

Talvez, eu esteja dizendo o óbvio. Mas não custa nada repetir. É a consciência, na sua mudez, no seu silêncio , que nos condenará ou absolverá. E para isso não faltam promotor para acusar, advogado para defender e juiz para julgar.

Por que uma pessoa se suicida? Sem dúvida, mordida por um remorso. Para quem não acredita na vida depois da morte, o suicídio se torna uma excelente fuga.

A solidão, às vezes, é uma beleza. Só assim conversamos conosco. Sim, porque numa festa, num lugar barulhento, com a cuca cheia de álcool, seja de cachaça ou de uísque, o nosso verdadeiro eu está esquecido.

Depois da festa, da diversão, do esquecimento, a grande indagação é aquela do poeta-filósofo Drummond: “E agora, José?”

É a tal coisa: depois da diversão vem a reflexão. E é aí que a consciência fala.

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