Dizem que existem céu e inferno. Céu para os bons e inferno para os maus. E o mais grave é que esse inferno é eterno. Deus nem tem pena daqueles infelizes, criados por Ele. Ora, aqui para nós, o inferno é uma consciência culpada, e o céu o contrário. O remorso é um fogo, que vai diminuindo, graças ao arrependimento. Um pensador já disse que a felicidade é a consciência tranquila. Eis uma grande verdade.
Voltando ao começo, é quando estamos sozinhos que conversamos com nossa consciência. Daí a necessidade de silêncio e de solidão. Barulho é para quem deseja livrar-se do diálogo com a consciência. Barulho, álcool, droga, diversão, são meios usados para esquecermos a nós mesmos. E o trabalho também é um excelente entorpecente.
Talvez, eu esteja dizendo o óbvio. Mas não custa nada repetir. É a consciência, na sua mudez, no seu silêncio , que nos condenará ou absolverá. E para isso não faltam promotor para acusar, advogado para defender e juiz para julgar.
Por que uma pessoa se suicida? Sem dúvida, mordida por um remorso. Para quem não acredita na vida depois da morte, o suicídio se torna uma excelente fuga.
A solidão, às vezes, é uma beleza. Só assim conversamos conosco. Sim, porque numa festa, num lugar barulhento, com a cuca cheia de álcool, seja de cachaça ou de uísque, o nosso verdadeiro eu está esquecido.
Depois da festa, da diversão, do esquecimento, a grande indagação é aquela do poeta-filósofo Drummond: “E agora, José?”
É a tal coisa: depois da diversão vem a reflexão. E é aí que a consciência fala.