A verdade é que ele se tornou um líder político admirado por muitos. Temido também. Era olhado com grande respeito, um respeito misturado com medo. O homem pretendia transformar o nosso país, num país comunista, ou melhor, numa ditadura igualzinha à da União Soviética. A ditadura de um Stalin, de um Lenine.
Pois bem, o Cavaleiro da Esperança conseguiu, com o seu charme, sua dialética, sua simpatia, convencer muita gente a se tornar comunista. Baixo de estatura, muito simpático, ele soube, com o seu carisma, trazer muita gente para o Partido Comunista Brasileiro.
Amado e temido, Luiz Carlos Prestes foi um líder admirável. Seus discursos eram de uma dialética convincente. E tinha uma vida limpa. Teve muitos e grandes inimigos. Mas também uma multidão de adeptos. Difícil não se convencer, ouvindo a sua palavra. Uma palavra muito diferente da do político comum. Uma palavra isenta de qualquer demagogia.
Sua maior inimiga era a Igreja. Ele era tido como um “satanás”. Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, vinha sempre à nossa capital, onde tinha muitos amigos, inclusive meu tio, João Batista Barbosa, em cuja residência se hospedava. Vinha, anonimamente, visitar o seu companheiro de partido.
E Luis Carlos Prestes, líder vermelho, Cavaleiro da Esperança, achou, certa manhã, de falar aos paraibanos. O local que o seu partido escolheu foi o Parque Sólon de Lucena, a popular Lagoa. Minha gente, aquele espaço se tornou pequeno para a multidão que desejava ouvir o líder vermelho, ao meio-dia, sob um sol de rachar. E sabe quem protestou contra a presença daquele líder? A Igreja Católica. E haja sinos chamando os fiéis para se refugiarem nos templos.
Foi aí que eu, adolescente, ouvi Carlos Prestes falando. E como o admirei, pois ele falava com muita convicção. Que simpatia no seu rosto que o sol a pino iluminava. A multidão cobria-lhe de aplausos. Os sinos se calaram.
Luiz Carlos Prestes, o líder comunista temido e respeitado, me deixou uma ótima impressão. Se estava equivocado ou não, o certo é que foi fiel ao seu ideal.
Passou-se o tempo. Aí aconteceu o que eu não esperava: anos depois, tornei a vê-lo, já bastante idoso. Não num comício, mas na Academia Paraibana de Letras, por ocasião da posse do escritor e jornalista Otacílio Queiroz. Ele estava bem perto de mim. Ele, que vivia tão longe dos meus olhos.
E com um certo cansaço, não resistiu ao sono. Um sono gostoso que me pareceu mais de criança do que de um temido líder. Eis aí uma surpresa que jamais esquecerei.