Para esta espécie de terapia há necessidade do olhar. Um deficiente visual, por exemplo, não pode se utilizar dessa terapia. Mas, diz o ditado que “o pior cego é aquele que não quer ver”. Para este, é inútil a “paisagem-terapia”. Ele olha um por do sol e não o vê, uma madrugada, a mesma coisa, um jardim, idem. Tem jardineiro que exerce o seu trabalho com a cegueira da ignorância. Não digo que chegue a falar com as plantas, como procedia um príncipe inglês, mas que as olhe com um sentimento de amor.
Eu sempre estou usando essa terapia e me sinto muito bem. Parece que lavamos a alma. Jesus já convidava: “Olhai os lírios do campo”. E desse convite deu uma lição. A lição da despreocupação, da fé, da confiança na vida, na providência divina.
Deus encheu o mundo de belezas naturais para que o homem alegre a sua alma. Olhar e não ver é a mesma coisa de não olhar... A Natureza é a grande riqueza que Deus nos deu, de graça. Eu estou sempre pondo o olhar nas coisas belas da vida e saio delas com outro astral. E aqui, repito: uma das coisas belas de uma viagem aérea é olhar as nuvens pela janelinha do avião. As nuvens ficam lá embaixo nos infundindo uma tranquilidade interior enorme. Lembram, às vezes, um campo cheio de ovelhas. Ora, e foi justamente isso que vimos, não só nos caminhos pelo interior da Escócia, como agora nova Nova Zelândia. Que paz, esta paisagem rural nos transmite! Só as ovelhas não elevam o olhar para ver a dança silenciosa das nuvens. Elas se comportam como certos homens de negócio. Fixados nos seus interesses imediatos, não têm tempo para ver as coisas belas.
Ah, a terapia da vista aérea! E que dizer das florestas e das montanhas, sem esquecer as cascatas? As montanhas, no seu silêncio, dão lições de misticismo. Não foi sem motivo que Jesus aproveitou aquela elevação de terra para proferir o seu primeiro sermão.
Terapia da paisagem! É difícil sair de uma praia, como a nossa de Tambaú, com a alma suja de pessimismo, de ódio ou mau humor.
O poeta Bilac convidou-nos a “ouvir” as estrelas. O físico e matemático Pascal, vez por outra, derramava os olhos no Infinito, o que alimentou muitas de suas reflexões.
Terapia da paisagem. Não custa nada, e faz muito bem ao espírito!