S ou um homem que me acostumei a sempre me colocar no lugar do outro. Seria isso compaixão? Talvez sim. Afinal somos irmãos, queira...

Pena de Felipão


Sou um homem que me acostumei a sempre me colocar no lugar do outro. Seria isso compaixão? Talvez sim. Afinal somos irmãos, queiramos ou não queiramos. E, consoante a lição de Jesus, temos a obrigação de amá-los, isto é, de compreendê-los.
Mas vamos à crônica de hoje. Há dias que venho pensando em Felipão, o novo técnico da Seleção Brasileira, que daqui a um ano em meio, estará sediando a Copa do Mundo, aqui no Brasil, o que não deixa de ser uma honra para o nosso país, cognominado o “País das Chuteiras”. O Brasil é tão das chuteiras, que, outro dia, conforme foi anunciado, a Academia Brasileira de Letras, a Casa de Machado de Assis, acaba de conferir uma medalha ao jogador Ronaldinho Gaúcho, que, se não é um homem de letras, já fez muitos gols de letras...
Retornando ao técnico Felipão, cuja foto está em todos os jornais, com um prestígio que nem o Ministro Joaquim Barbosa chega perto.
E o curioso é que Felipão sorria. Sorria diante de um grande problema, que é fazer o Brasil campeão dessa Copa. Se fosse eu, sim, se fosse eu, não dormiria mais, não comeria mais, não sorriria mais. Porque, aqui para nós, se o Brasil perder o título, em sua própria casa, como aconteceu na Copa de 50, o que será de Felipão?
Mas, ao que vi nos jornais, ele está um homem feliz da vida, com a obrigação de dar mais um título ao nosso país. Se ele ainda está dormindo, a mesma coisa está acontecendo com o povo. Ninguém está pensando em derrota. Afinal, ninguém esqueceu que já perdemos uma final de Copa, com o Uruguai, em pleno Maracanã lotado e vibrante. Um fato que até hoje é considerado a maior tragédia da história do futebol brasileiro. E eu nem me lembro quem era o técnico.
Mas Felipão está sorrindo no jornal, como se tivesse tirado na Mega Sena. Sorrindo à toa. E eu me colocando no lugar dele, fico pensando: só em aceitar ser técnico da Seleção mostrou que é um homem de peito. Agora é dizer para ele, num cochicho: se o Brasil estiver perdendo, já nos minutos finais, não se esqueça de dizer consigo mesmo: ”pernas pra que te quero? ” E corra, meu amigo, corra que uma multidão desvairada estará correndo atrás de si... Por isso, como bem intitulei bem a crônica, estou com pena de Felipão...

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