Dizem que Mozart compunha “música pronta”, que não corrigia, nem alterava as obras que concebia. Alguns acreditam que contava com inspiraçã...

Oscar Niemeyer: um homem completo

oscar niemeyer

Dizem que Mozart compunha “música pronta”, que não corrigia, nem alterava as obras que concebia. Alguns acreditam que contava com inspiração mediúnica, tal a fluidez com que compunha. Niemeyer era assim. Num só rabisco seu, podia estar contido todo um projeto.

Era um homem completo. Sua visão ia muito além da Arquitetura que criava, e isso está muito claro na sua forma de pensar, na maneira como valorizava a vida, a mulher, o tempo presente, a solidariedade e a justiça entre os homens.

Terrivelmente incomodado com a miséria, era no sonho da bela Arquitetura que plantou no mundo que afogava suas mágoas diante das desigualdades sociais. Mesmo assim, chegava a dizer que seu trabalho “não tinha importância, nem a arquitetura tinha importância”, pois, para si, o importante era a vida, “a gente se abraçar, conhecer as pessoas, haver solidariedade, pensar num mundo melhor, o resto é conversa fiada”.

Conseguiu definir a peculiaridade de sua obra em poucas frases: “Não é a linha reta, dura e inflexível, feita pelo homem, que me atrai. O que me chama a atenção é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país, nas margens dos seus rios, nas nuvens do céu e nas ondas do mar”.

O caráter acentuadamente plástico do trabalho de Niemeyer consegue estreitar, e até confundir o limiar entre Arte e Arquitetura. Não obstante a forma ter uma função, além da beleza, claramente definida em sua obra. Sobre esse aspecto, enfatizou: “De um traço nasce a Arquitetura. E quando ele é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arte”.

Mas o que mais impressiona na obra de Oscar é a singularidade, um trabalho ímpar, sem precedentes nem descendentes, tanto no aspecto formal como na impressionante noção de harmonia entre todos os elementos do conjunto, inclusive com o entorno. O Museu de Arte Contemporânea de Niterói é um dos mais perfeitos exemplos de como a Arquitetura pode conseguir se inserir na Natureza a ponto de enriquecê-la, num “casamento” perfeito.

O Brasil tem muito que se orgulhar deste filho ilustre. Embora, lamentavelmente, ao chegarmos no exterior, ele permaneça, junto com Villa-Lobos, Machado de Assis, Chico Xavier, Pedro Américo, muito menos lembrado do que Michel Teló e Luan Santana...


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