Sim, leitor, quanto mais velho melhor. Não estou aludindo ao vinho, nem ao homem. Se bem que este vale pela sua sabedoria que só se adquire envelhecendo, o que me faz lembrar Sócrates que jamais trocaria por uma criança ou um jovem.
Mas, fora isso, o que dizer do livro, que jamais envelhece? Livro velho é uma preciosidade. Portanto, bem-aventurado aquele que valoriza o livro velho.
Ora, ora, estava pensando nisso, quando ligo a TV e vejo nela uma entrevista. Era o jornalista Abelardo Jurema Filho entrevistando... Entrevistando quem? Entrevistando não um magnata do dinheiro, não um líder político vitorioso nas últimas eleições, não o bispo Edir Macedo, nem o jogador Ronaldinho... Abelardo, ou Abelardinho, entrevistava o nosso Heriberto Coelho, o dono do famoso Sebo Cultural, instituição que está completando 26 anos de existência.
E Abelardo, com o seu sorriso, com seus elegantes suspensórios, com seu cabelo bem cuidado, com sua simpatia, foi quem teve a bela idéia de trazer a publico um admirável idealista, o homem que conseguiu com seu esforço gigantesco, construir um monumental arsenal de livros antigos, preciosidades que Heriberto catou com muita paciência, abnegação e idealismo. Uma obra admirável que vale por umas das nossas preciosas referências turísticas e culturais. E saber que o autor desse empreendimento é um homem franzino, simples, humilde, mas um gigante em seu trabalho. “O Sebo Cultural” talvez seja o maior sebo do mundo. E digo isso com minha experiência turística. Meu filho Germano, em seu livro “Bazar de Sonhos”, dedica uma crônica ao livro velho, aos sebos. E informa que foi num sebo europeu que ele encontrou o livro, bastante antigo, intitulado “Cartas dos grandes músicos”. “Uma deliciosa relíquia para os que gostam de música erudita”, comentou.
Mas voltemos à entrevista. Abelardo cometeu um relevante ato de justiça, dando visibilidade no seu prestigiado programa “Happy Hour”, da RCTV, a um dos maiores empreendimentos culturais de nossa terra: O Sebo Cultural. E com que alegria ele conversava com Heriberto. Uma alegria tão grande quanto quando o Fluminense, seu time predileto, faz um gol.