M anhã de muito sol e eis que abro os jornais para saber as notícias. Duas delas aguçam minha curiosidade, a do aparecimento, agora...

Notícias e Augusto


Manhã de muito sol e eis que abro os jornais para saber as notícias. Duas delas aguçam minha curiosidade, a do aparecimento, agora à noite, de nossa lua desfilando na passarela do firmamento, toda vestida de azul. E ao que informam ainda os jornais, o melhor lugar para ver o querido satélite, é na Estação Ciências.
Outra notícia: a pobre Índia vai dar uma de país rico. Ela vai mandar uma nave para o Espaço. Enquanto isso, anuncia-se que, a qualquer momento, os Estados Unidos, juntamente com a Inglaterra - ambos adoram guerra - invadirão a Síria. O negócio é sério!
Com tais notícias, umas boas, outras ruins, vejamos esta sobre o Festival da culta e fria Areia, a terra de Pedro e José Américo, o pintor e o escritor. A terra onde fui promotor público, vejam só, e onde me hospedei numa pensão, em cuja sala de refeição havia o seguinte letreiro: ”Lave as mãos ao sair da privada”. Eu achava horrível aquele aviso, coisa para matar qualquer apetite.
Como sou homem do calor, o frio de Areia era de matar. Aliás, quando se fala tanto dos “caminhos do frio”, que tal promover festivais dos “caminhos do calor”, onde estariam Patos, cidade de boa tradição, Itaporanga e Cajazeiras.
Mas estou me lembrando agora de Sapé, a cidade onde Augusto dos Anjos nasceu e que bem poderia promover algo cultural em homenagem ao grande poeta, que agora é chamado “Augusto das Letras”, o que não deixa de ser uma novidade...
O primeiro livro que surgiu sobre Augusto, se não estou enganado, foi de autoria do escritor paraibano De Castro e Silva, que era Fiscal de Consumo, a exemplo de José Lins do Rego. O livro pioneiro de De Castro e Silva se intitulava “Augusto dos Anjos, poeta da morte e da melancolia”. E não esquecer que a temática maior do romancista do engenho Pau D'arco era a morte. Temática que poucos tiveram a coragem, como Augusto, de enfrentar. Mas não esquecer que o poeta foi um lírico admirável, um religioso que via Jesus na Serra da Borborema.
Esse Augusto lírico, filósofo, que teve a coragem de escrever apenas um livro, livro , que vale por uma biblioteca – será que por isso estão lhe classificando de “Augusto das Letras”? Esse poeta-filósofo abordou uma temática, que poucos tiveram a coragem de abordar, a temática da vida e da morte. Mais ainda: Augusto obriga o leitor a pensar. Nada de se perder na linguagem. O que importa é a mensagem.  

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