O nome é suave. Soa bem aos nossos ouvidos. Nome de fácil rima. Não lembra o nome de um guerreiro, de um lutador incansável, de um homem inquieto, nada acomodado. Homem destinado ao desafio, ao pulso forte, ao sim sim, não não, jamais à acomodação.
Até mesmo o seu físico era mignon, esbelto. Físico de eterno rapazinho. E ele mesmo uma vez me disse que gostaria de ter nascido com estatura maior.
Se ele não era um gigante na estatura, era um gigante de espírito. Difícil ou impossível de se vergar. O seu andar era firme, andar de quem sabe o que quer. Um pigmeu de corpo, mas um gigante na vontade, na coragem, sempre pronto ao desafio. De uma argúcia admirável. Sabia do que queria. Bom de palavra e de ação.
Sim, leitor, estou me referindo a Joacil de Brito Pereira, meu amigo de muitos tempos e de boas lembranças. E como o admirei, seja como advogado, seja como político, seja como intelectual, como pai de família. Como escritor, deixou excelentes livros, a começar pelo substancioso ensaio sobre Maquiavel. Era um ótimo analista da História.
Colega meu de Liceu, e de imortalidade acadêmica, foi um excelente presidente da nossa Academia. Ele só não sabia de uma coisa: ter medo. Acho que o medo é que corria dele. Gostoso de papo, conversar com ele era uma delícia. Já com problemas de coluna, vi-o, várias vezes, se apoiando numa bengala, caminhando pelo calçadão do Cabo Branco, onde morava, ali bem perto do edifício João Marques de Almeida, distribuindo cumprimentos aos amigos que passavam.
Bom de discurso, dava gosto ouvi-lo. Sua oratória era altiva e vibrante. A notícia de sua saída deste mundo comoveu a todos. A saída do guerreiro, que não sabia se curvar, mas marchar de cabeça erguida. Joacil, o riograndense do norte que se tornou um paraibano, que muito nos honrou.
Deu-se a saída do jurista, do advogado, do homem que fez do Direito sua grande paixão ao lado da Política, da verdadeira política.
E eu saio da crônica, não de olhos molhados, mas com a alegria de ter sido seu amigo. Ele, que era o contrário de mim em temperamento. Mas, nunca os contrários se deram tão bem.
Saio da crônica louvando ainda o pai de família que ele foi, ao lado de sua dedicada Nely.