Se a caneta-tinteiro já caiu em desuso, o mesmo não acontece em relação à caneta esferográfica. A primeira, que sucedeu a delicada pena, exige tinteiro, a esferográfica, não, essa útil invenção que ainda permanece para as nossas anotações.
Depois, a esferográfica é hoje um símbolo, usado como souvenir e item de propaganda. Mas, porque eu estou trazendo a esferográfica como objeto desta crônica? Seria falta de assunto?...
Não, leitor, é que na passagem deste ano recebi uma coleção de esferográficas de meu amigo e primo, jamais cliente, pois o homem é advogado. Advogado PhD, advogado que começou a visitar o mundo dos cartórios, ainda estudante. Nasceu para a profissão que abraçou. Vi-o, muitas vezes, sobraçando processos, numa época em que a moderna tecnologia ainda não havia chegado à vida forense.
Mas vou matar a sua curiosidade, leitor. O advogado a que estou me referindo não é outro senão Roberto de Luna Freire, meu primo e amigo, que vive a maior parte do tempo no seu muito visitado escritório, que ficava na avenida Marcionila da Conceição, aqui em Tambaú. Um escritório sempre apinhado de gente à procura de justiça. O escritório já se mudou e hoje está muito bem instalado no Trade Center Office da Av. Rui Carneiro, ainda em melhores condições.
Roberto não daria nunca para político. Começa que ele sorri pouco, fala pouco e não é de dar aquele sorriso à cata de votos, tão em uso por estes tempos...
Mas, voltando ao presente de fim de ano que o primo me deu, foi uma primorosa coleção de esferográficas, ou melhor de muito bom gosto. Claro que elas eram publicidade de seu escritório, mas e daí, não dizem que a propaganda é a alma do negócio?
E mal peguei num exemplar e comecei a sentir uma coceira nos dedos para usá-lo.
Não faz muito tempo, tive a alegria de me encontrar com Roberto, numa conexão de voos que fazíamos no aeroporto de Lisboa. O primo, quando está de folga, no escritório, coisa rara, dana-se a viajar, o que faz muito bem. Irmão de Alexandre, juiz federal, hoje gozando a imortalidade acadêmica, Roberto é filho do grande João Lélis, o historiador da Campanha de Princesa, e um intelectual de mão cheia, imortal de nossa Academia de Letras.