Sim, foi o que a gente viu em fevereiro deste ano: o tradicional matutino comemorando os seus 119 anos de vida a serviço da cultura da Paraíba, sendo um dos terceiros jornais mais antigos do nosso país.
A União está tão dentro da Paraíba e de sua gente, que ninguém conseguiu ainda extingui-la. Entra governo, sai governo e ela se mantém cada vez mais viva, sempre acompanhando o progresso, gritando através de seus editoriais temas cada vez mais atuais. Houve um dia em que ela foi obrigada a se transformar num prosaico boletim de informações, chamado Diário Oficial. Foi justamente na ditadura, que o respeitável matutino teve de calar a boca, e quem governava o nosso estado era o respeitável e íntegro desembargador Severino Montenegro.
Extinta a Ditadura, A União, como um sol raiando depois de um longo inverno, voltou a exercer o seu verdadeiro papel de universidade de nossas letras, ensinando jornalismo às novas gerações, e cuja palavra tinha sabor de sentença, a exemplo do velho Times de Londres: “A União disse, acabou-se!”.
E lá se vão quase 120 anos de vida. Que respeito ela impunha, e ainda impõe. Quando um governador era eleito, a primeira indagação era: “quem será o seu diretor?” E de Carlos D. Fernandes até hoje o diretor do jornal é uma excelência muito respeitada. Sua sede histórica, lá na praça João Pessoa, altas horas da noite, o prédio todo aceso, lembrava um navio. E tudo no silêncio em que as linotipos iam costurando a matéria para seus inúmeros leitores. Revisores, tradutores de telegramas, redatores, repórteres dentro da grande sala, que lembrava uma oficina. E o diretor, no seu gabinte, ocupado na redação do editorial, peça importante, que trazia o pensamento do jornal.
Entrei nela como se entrasse numa universidade. E comecei a trabalhar na cozinha, isto é, na sala de revisores, trabalho que ia madrugada afora, e, à meia noite, vinha aquele café gostoso, aquele pão com manteiga, que beleza! Tanta coisa para dizer deste velho matutino... Que ele continue na sua missão. Que nenhum governador se meta a extingui-lo. E com sua nova cara, graças a Fernando Moura, não é que o governador Ricardo veio logo com uma crônica, esquecendo por alguns instantes, os problemas administrativos?
Ah, se fosse possível, na edição comemorativa dos seus 120 anos, que reuníssemos os grandes personagens que transitaram pelos caminhos do jornal, a começar pelo seu grande diretor, o culto Carlos D. Fernandes, grande estimulador das novas gerações, inclusive o poeta Eudes Barros... E Antônio Menino, o chefe de portaria, grande figura humana e possuidor de profundo sentimento de reponsabilidade? E o inesquecível cronista, teatrólogo Silvino Lopes? E João Lélis, na direção do jornal, escrevendo belos editoriais... E que dizer da cronista Germana Vidal, com suas crônicas cheias de humor e sabedoria?...
Mas já está bom de pingar o ponto final. O importante é que nosso grande matutino voltou mais bonito, e com todo o gás, ou melhor, com muito barulho. Afinal, o mês é de barulho. Mas, esqueçamos o barulho do São João, jamais o milho assado, a canjica, a pamonha, que já estão me dando água na boca.
E fiquemos por aqui. A chegada do jornal veio como uma explosão, Uma explosão de notícias, em pleno São João.