Quando visitei pela primeira vez Berlim não tive uma boa impressão. Não sei se foi a influência “nazista”, só sei que achei a grande metrópole num vazio que me impressionou. Uma metrópole muito severa, sem altos e baixos, tudo plano. E quando foi à noite, desabou uma trovoada que eu só penso que era a voz de Hitler. Nunca ouvi tanto barulho vindo do céu.
Achei a cidade muito plana, muito austera, ou melhor, severa. Que diferença de Paris! Tudo grande demais. Pois bem, foi essa mesma impressão que senti, ao visitar, recentemente, a Dinamarca, depois de uma tranquila viagem aérea até a sua capital, Copenhague, que tem sabor de chocolate. Claro que o rei a que faz referência o Hamlet, do nosso Shakespeare, não estava mais lá. Mas ainda há reinado, ali, que, em geral, constitui atração turística. Tirem, por exemplo, a rainha da Inglaterra do trono e a perda de libras é enorme.
O gelo da Noruega nos acompanhou. Em Copenhague o frio dominava. E o cronista, todo agasalhado, parecia mais uma múmia. E com aquela touca...
Quando a aeronave desceu no aeroporto da capital dinamarquesa, eu não quis acreditar no que via. Um aeroporto para gigantes. Uma verdadeira cidade, um imenso shopping. Dá uns vinte ou mais Guararapes de Recife, e talvez cem do nosso ainda modesto aeroporto, ou melhor, aeropinto.
Adoro ver aeroportos, verdadeiras salas de visita de uma cidade.
Copenhague abusa dos espaços. Nela a gente se torna uma formiguinha. Tudo muito grande. Mas o que vale é o Cooper que a gente faz, sem querer. E eis que chegamos à sua aérea mais turística: Nyhaven. Gente comendo, gente andando, gente comprando, gente esquecendo, por alguns momentos, os problemas da vida. Os idiomas se confundindo entre conversas e risadas.
Mas tudo passa. Agora é dar adeus à Dinamarca e voar até Londres. E Londres me traz agradáveis e dolorosas recordações. Lembrar que na última vez que estive na capital inglesa, eu sofri de uma estenose lombar e o transporte que terminei usando foi uma cadeira de rodas. Pena que a Rainha não tenha me visto... Ela bem gostaria de dar os passeios que dei pelo centro de Londres, mesmo que fosse numa cadeira de rodas.
Agora é gritar com toda a força dos pulmões: a grande viagem é a vida. Aproveitemo-la com muita sabedoria, amor, responsabilidade e fé.