Striptease todo mundo sabe o que é. Um curioso espetáculo dançante em que uma mulher (e hoje em dia, até homens) vai se desfazendo de suas ...

Striptease como metáfora

metaforas ambiente de leitura carlos romero

Striptease todo mundo sabe o que é. Um curioso espetáculo dançante em que uma mulher (e hoje em dia, até homens) vai se desfazendo de suas vestes até ficar inteiramente nua. E tudo isto encenado sob a magia da música e de muita curiosidade.

Mas esse espetáculo aqui vai valer como metáfora. Metáfora sobre a nossa vida. Sim, como a dançarina, ou o dançarino, vamos, no decorrer da existência, se desfazendo das coisas, ou melhor, repassando aos outros tudo aquilo que não podemos levar, depois que terminar o espetáculo da vida. Sim, porque, aqui para nós, a gente não leva nada para o outro mundo, a não ser a nossa consciência, que os materialistas pensam que se extingue com a morte...

Chegamos a este planeta nus, famintos e chorando. Nenhuma criança aportou aqui, sorrindo. Se tal acontecesse, todo mundo sairia de perto, ou daria uma carreira com medo. E, quando saímos, é a mesma coisa. Tudo fica para os outros. Chegamos sem nada e saímos também sem nada. Que pena!... Principalmente para os que são muito apegados às coisas materiais.

A moça da dança fica nua. Nua como chegou a este mundo. Assim como nós. A nudez poderia ser simbolizada pela consciência, única realidade que fica. O resto foi desfeito. O resto de que a gente apenas tinha posse, jamais a propriedade.

Agora, a consciência é que fica, nos aplaudindo ou nos acusando. A consciência é eterna, não fica com o corpo que foi sepultado e, sim, com o espirito que se libertou.

Portanto, nada de apego ao que se desfaz. Apego não só em relação às coisas, mas também às pessoas. Daí a sentença de Paulo, o iluminado de Damasco: ”devemos viver na vida como tudo possuindo, e nada tendo, com todos e sem ninguém. ”

Continuando com a crônica, é na consciência que está a cobrança do que fizemos de bem ou de mal. Teremos dentro de nós um inferno ou um paraíso. Um inferno decorrente do mal que fizemos, do remorso, do arrependimento, e um paraíso, fruto do bem que praticamos, e, como consequência, da paz de consciência.

Se pensarmos que tudo se extingue com a morte, onde ficaria a nossa responsabilidade existencial? Dizem as religiões tradicionais que o inferno é lugar de muito fogo. Sim, mas é o fogo do remorso. E, graças à metáfora, viva a lição do striptease!

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